pixel

Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Notícias em Destaque

Salários na Zona Euro com maior travagem em três anos dão força ao BCE para novos cortes

Os salários negociados nas maiores economias da moeda única registaram no primeiro trimestre um crescimento de apenas 2,4%, representando o avanço mais curto desde o final de 2021. É mais um argumento ao BCE a favor de novos cortes das taxas de juro.

Christine Lagarde BCE
Christine Lagarde BCE D.R.
23 de Maio de 2025 às 13:50

Os salários negociados na Zona Euro registaram no primeiro trimestre deste ano um forte abrandamento, dando ao Banco Central Europeu mais um argumento para continuar uma política monetária de alívio, ou seja, mais cortes nos juros.

De acordo com o indicador que acompanha a evolução salarial das maiores economias da moeda única, nos primeiros três meses do ano registou-se um crescimento de apenas 2,4%, o que representa o avanço mais modesto deste o último tremestre de 2021. Este crescimento fica longe dos 4,1% do final de 2024 e menos de metade do pico dos 5,4% registados no verão do ano passado.

Estes novos dados reforçam a expectativa de que o Banco Central Europeu (BCE) mantenha, nesta fase, uma política monetária de alívio com mais descidas das taxas de juro. Tudo aponta, assim para que as pressões salariais estejam a arrefecer e acabarão por se traduzir numa inflação subjacente mais suave, que até agora se tem revelado mais persistente. Os preços no sector dos serviços, onde os salários desempenham um papel importante, aumentaram 4% em abril.

"Estamos a assistir a contratos salariais com acordos bastante baixos para este ano, e ainda mais baixos para o próximo ano", disse o economista-chefe do BCE, Philip Lane, esta sexta-feira, 23 de maio. "Por isso, estamos confiantes de que a inflação dos serviços irá descer", acrescentou.

A autoridade monetária também está optimista quanto à possibilidade de que a inflação global se manteve em torno dos 2%. A Comissão Europeia prevê que a inflação desça para 2% em meados deste e fique aquém desse nível em 2026, em parte devido às tarifas dos EUA e às consequências para os mercados financeiros.

Espera-se que o BCE corte as taxas pela oitava vez neste ciclo de descidas quando se reunir no próximo mês, no dia 5 de junho em Frankfurt. Os investidores estão a apostar numa nova redução este ano, uma perspetiva que os responsáveis, incluindo o belga Pierre Wunsch, afirmaram ser "razoável".

Também Mário Centeno, o governador do Banco de Portugal, sinalizou essa possibilidade, afirmando na quarta-feira que "a taxa de juro dos depósitos pode ter de vir abaixo daquilo que é considerado a taxa natural, que ninguém sabe qual é", acrescentando que "há uma atenção e preocupação grande do BCE com todos estes equilíbrios. Não podemos correr os riscos de ter uma política monetária que coloque a inflação abaixo dos 2%. Não é bom para a economia."

Ver comentários
Publicidade
C•Studio