Pentágono pede mil milhões para comprar míssil "secreto" da Lockheed

Quando for colocado em uso, o AIM-260 será o míssil ar-ar mais avançado dos EUA. Desenvolvido pela gigante da defesa Lockheed Martin, a empresa pode vir a beneficiar do aumento da produção do míssil numa altura em que atravessa dificuldades.
O AIM-260 será o míssil ar-ar mais avançado dos EUA.
AP/Mindaugas Kulbis
João Duarte Fernandes 23 de Agosto de 2025 às 16:15

Recentes pedidos de financiamento da Força Aérea e da Marinha norte-americana mostram que, após oito anos em desenvolvimento, o AIM-260 da Lockheed Martin – um avançado míssil balístico ainda designado como classificado (isto é, com várias informações técnicas a não serem mantidas em segredo) - poderá em breve começar a ser produzido “em massa” e ficar disponível para uso militar. A sua produção pode vir a beneficiar as contas daquela que é uma das maiores empresas do setor e que tem enfrentado dificuldades nos últimos tempos.

A notícia avançada pela Bloomberg surge apenas meses depois de o Paquistão ter usado um míssil de longo alcance fabricado na China para abater caças indianos, o que terá, a par da necessidade de modernização dos equipamentos militares dos Estados Unidos (EUA), influenciado a decisão.

PUB

Os ramos da Marinha e da Força Aérea dos EUA solicitaram quase mil milhões de dólares (cerca de 860 milhões de euros ao câmbio atual) para o ano fiscal de 2026, que se inicia em outubro, para arrancar com a produção deste míssil, de acordo com documentos orçamentais e uma declaração das forças armadas citadas pela agência de notícias financeiras.

A Força Aérea, que lidera o desenvolvimento do AIM-260 - também conhecido por Míssil Tático Avançado Conjunto -, solicitou 368 milhões de dólares para a sua produção inicial, além de adicionais 300 milhões registados numa lista anual enviada pelos serviços militares aos comités de Defesa do Congresso dos EUA – chamada “lista de prioridades sem financiamento”. Já a Marinha terá solicitado um financiamento de 301 milhões de dólares.

Quando for colocado em uso — a Força Aérea norte-americana não revela a data —, o AIM-260 será o míssil ar-ar (tipo de arma projetada para ser disparada de uma aeronave, com o objetivo de atingir e destruir outra aeronave) mais avançado dos EUA. Foi concebido para ser utilizado nos caças F-22 e F-35, mas a Força Aérea dos EUA afirmou que também poderia ser integrado nos jatos F-16 e F-15.

PUB

Dependendo de quantos mísseis vierem a ser produzidos, analistas da Melius Research disseram no ano passado que os custos do programa de produção do AIM-260 poderiam ascender a cerca de 30 mil milhões de dólares.

Se for este o caso, a Lockheed Martin, que tem atravessado um período difícil após ter apresentado fracos resultados referentes ao segundo trimestre, poderá vir a beneficiar do aumento da produção deste míssil. A empresa já perdeu quase 8% do seu valor em bolsa desde o início do ano e minimizar as perdas enquanto aumenta a produção da nova arma de longo alcance mostra-se fundamental. Isto tendo também em conta que perdeu vários programas de grande visibilidade nos últimos tempos. O mais recente caso foi o da produção do jato furtivo F-47, que passou para a alçada da também norte-americana Boeing.

A Lockheed Martin recebeu pela primeira vez o contrato para o desenvolvimento do míssil AIM-260 em agosto de 2017.

PUB
Pub
Pub
Pub