Apelos ao voto e a entendimentos intensificam-se em dia de votação antecipada
A campanha entrou este domingo na segunda semana, no mesmo dia em que milhares de eleitores foram votar antecipadamente em mobilidade.
Em dia de votação antecipada para as legislativas, os apelos ao voto intensificaram-se, mas a campanha ficou também marcada por questões de governabilidade e até houve convite do Bloco de Esquerda para reunir com o PS depois das eleições.
A campanha entrou este domingo na segunda semana, no mesmo dia em que milhares de eleitores foram votar antecipadamente em mobilidade, incluindo o secretário-geral do PS, o dirigente do Livre e cabeça de lista por Lisboa, Rui Tavares, e o dirigente comunista João Oliveira.
Por isso, os apelos ao voto intensificaram-se e logo de manhã, António Costa fez um apelo geral depois de votar no Porto e assegurou que estão criadas todas as condições de segurança para o exercício do direito de voto.
Já João Oliveira, que votou em Évora, disse que escolheu esta data para demonstrar que é possível votar em segurança e combater a abstenção, enquanto Rui Tavares, em Lisboa, destacou a importância de "defender a democracia contra ataques" ao Estado de direito, direitos fundamentais e pluralidade da sociedade.
Nem todos os líderes partidários optaram por votar antecipadamente, mas os apelos partiram também daqueles que preferiram votar apenas no próximo domingo, como a coordenadora do BE, Catarina Martins, que defendeu que o "voto é seguro".
À direita, o presidente da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim de Figueiredo, fez antes um apelo direto ao voto no seu partido e Francisco Rodrigues dos Santos, líder do CDS-PP, admitiu recear um aumento da abstenção e garantiu que vai "lutar até o fim" para que os centristas tenham um bom resultado.
Por outro lado, se ao oitavo dia de campanha se intensificaram os apelos ao voto, também a discussão sobre a governação após as eleições de dia 30 voltou a ganhar força, com o atirar de culpas quanto à crise política e desafios de parte a parte.
O confronto, que envolveu sobretudo PS e BE, foi aberto depois de Catarina Martins ter defendido que "era bom que o PS mudasse de agulha" porque a estratégia de "queimar pontes à esquerda" e pedir a maioria absoluta "acaba por abrir caminho à direita".
Na resposta, António Costa, que naquela altura já andava por Caxinas, Vila do Conde, não se conteve e considerou que os bloquistas deviam antes pedir desculpa por ter rompido a unidade de esquerda, adiantando que, em matéria de diálogo político, não recebe lições da coordenadora bloquista, Catarina Martins.
Por outro lado, o secretário-geral socialista defendeu ainda que não é o momento para os portugueses escolherem "quem multiplica conflitos", mas antes quem constrói pontes e encontra soluções "onde os outros só veem impossíveis", e já durante a tarde foi desafiado precisamente nesse sentido.
O desafio partiu, novamente, da porta-voz do BE, que convidou o líder do PS para uma reunião no dia seguinte às eleições para um acordo de quatro anos, defendendo que só haverá confiança dos eleitores "se houver entendimento".
A assistir de fora, a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, que esteve em campanha entre a Covilhã e a Guarda, sugeriu que o BE está dessa forma a querer "lavar a mão" da responsabilidade que teve na criação da "crise política em cima de uma crise socioeconómica e sanitária sem precedentes".
Em Guimarães, o presidente do PSD, Rui Rio, também falou sobre governabilidade, aproveitando para apontar o dedo ao PS, que acusou de não ter uma estratégia para o país e de ser um partido que "à mínima dificuldade recusa e ajeita a coisa mais ou menos e segue em frente", considerando ainda que "ninguém consegue governar um país a dizer mal dos outros".
Durante a tarde, já em Arcos de Valdevez, Viana do Castelo, Rui Rio, disse ainda estar mais confiante na vitória nas eleições de 30 de janeiro e acusou o líder do PS de seguir o "rumo" da mentira ao "deturpar" as propostas social-democratas.
Também à direita, Cotrim de Figueiredo falou em Setúbal sobre o próximo Governo e assegurou que, da mesma maneira que já por várias vezes disse que recusará integrar um governo que inclua o Chega, também afasta uma solução de bloco central.
André Ventura, que esteve pelo Porto, afirmou que a sua prioridade será impedir que a história do país seja reescrita, num convívio com antigos combatentes na confeitaria Império, em que anunciou várias promessas dirigidas aos ex-militares, prometendo, por exemplo, uma pensão mensal de "200 euros, no mínimo".
Mais lidas