Em Espanha, as declarações do deputado do PP, Guilhermo Collarte, estão a gerar polémica. Em declarações a um jornal da Galiza, o deputado que exerce funções no parlamento nacional, no parlamento regional da Galiza e é ainda vereador afirmou que "é difícil" viver com 5.100 euros.

"Entre os 416 euros que me pagam como vereador, que não cobre nada, os quase 4.200 euros que ganho como deputado e os 290 que ganho por tempo servido na Assembleia, ganho no total cerca de 5.100 euros, tenho muitas dificuldades", lamentou Collarte, citado pela Bloomberg.

De acordo com o jornal espanhol "El Confidencial", o deputado do PP reconhece que é um "privilegiado", contudo, ressalva que no sector privado auferia mais. O espanhol "El Mundo" avança que Collarte ganhava, no privado, cerca de 12 mil euros mensais e, segundo o próprio, as dificuldades que enfrenta devem-se a uma "situação pessoal" que prende-se com a compra de uma habitação numa altura "errada".

A Espanha tem uma taxa de desemprego superior a 20% e o salário mínimo é pouco mais de 641 euros, pelo que os espanhóis indignaram-se com as palavras do deputado e as reacções nas redes sociais não tardaram. De acordo com algumas mensagens citadas pela agência de informação norte-americana Bloomberg, há mesmo quem exija a demissão de Collarte.

Entretanto, o deputado espanhol, numa nova entrevista, já pediu desculpa por estas "desafortunadas" declarações e adiantou ainda que por causa delas já foi alvo de críticas excessivas e que os seus filhos já foram ameaçados. "Não mereço", afirmou Collarte segundo o "El Mundo", as críticas que têm sido feitas. O deputado do PP afirma mesmo que está a ser alvo de um "linchamento absoluto".

Os responsáveis do PP na Galiza, região pela que o deputado foi eleito, também já se pronunciaram sobre este tema. Para além da postura de Collarte ter sido criticada, o partido optou por se demarcar e pediu desculpa à população pelo "mau estar" causado pelas palavras do deputado.

Rendimento de 5 mil euros por mês é classe média-baixa

Há cerca de três anos, Diogo Leite Campos, fiscalista e uma das principais figuras do PSD causou polémica ao considerar, numa entrevista à SIC, que uma família com quatro elementos e que tenha um rendimento abaixo de dois mil euros é pobre e que está ao nível da miséria. Diogo Leite Campos defendeu ainda que um agregado com cerca de cinco mil euros mensais líquidos pertence à classe média-baixa.