Impacto económico da Web Summit aquém do esperado
A atualização de uma avaliação de impacto divulgada pelo Ministério da Economia piora a estimativa de impacto económico da Web Summit. Entre 2016 e 2019, terão entrado menos 77,5 milhões de euros nos cofres do Estado. Ainda assim, impacto terá sido significativo.
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O impacto económico da Web Summit em Portugal entre 2016 e 2019 terá ficado, afinal, bem abaixo do estimado inicialmente. Segundo uma avaliação do impacto da cimeira divulgada pelo Gabinete de Estudos Económicos (GEE) do Ministério da Economia, as estimativas de ganhos na despesa realizada em Portugal, no emprego, na receita fiscal e no valor acrescentado bruto (VAB) durante o evento de tecnologia ficam aquém do esperado inicialmente - e as diferenças são significativas. O estudo divulgado é assinado pelos economistas Francisco Carballo-Cruz, João Cerejeira e Ana Paula Faria e procura estimar os impactos sobre a despesa, o valor acrescentado bruto, o emprego e os impostos resultantes da realização da Web Summit em Portugal, entre 2016 e 2019. Há três anos, o GEE tinha divulgado também um estudo idêntico, assinado apenas pelo professor da Universidade do Minho João Cerejeira, que tentava contabilizar o efeito do evento no país no longo prazo, entre 2016 e 2028. Ora, comparando as primeiras estimativas para os primeiros três anos de Web Summit em Lisboa com o estudo mais recente, as projeções dos ganhos na despesa, no emprego, na receita fiscal e no VAB são significativas. As maiores diferenças veem-se em 2019. Nesse ano, o último de realização do evento em Lisboa antes da pandemia (recorde-se que no ano passado a Web Summit decorreu apenas online, dadas as restrições causadas pela covid-19), a estimativa anterior, considerando o cenário B (o central), apontava para ganhos de 124,3 milhões de euros no VAB e de 58,4 milhões de euros na receita fiscal e um aumento de 99,4 milhões de euros na despesa. Além disso, perspetivava-se a criação de 2.911 postos de trabalho. O estudo divulgado atualizado é menos otimista. Embora ainda se prevejam ganhos que não são de desprezar nestes quatro indicadores, a estimativa apresentada agora é menos expressiva. Os economistas antecipam agora que o VAB tenha crescido 69,8 milhões de euros – uma revisão em baixa de quase 44%. Os ganhos com as receitas fiscais também devem ter ficado aquém do previsto: 29,7 milhões (quase metade do esperado inicialmente). A análise aponta ainda para uma criação de emprego menor (1.915) e de menos despesas associadas (86 milhões). As conclusões são semelhantes em 2018, 2017 e 2016, mas de dimensões diferentes. Ainda assim, a revisão em baixa do impacto da Web Summit na receita fiscal e na Web Summit ronda os 40% em 2018 e 2017. No emprego, o impacto terá sido 20% inferior. Também há revisões em baixa perante 2016, mas menos significativas. Em suma, entre 2016 e 2019, a Web Summit terá gerado menos 77,5 milhões de euros em receitas fiscais e o VAB terá crescido menos 196 milhões de euros do que o estimado anteriormente. Além disso, terão sido criados menos 2.673 postos de trabalho e despendidos menos 16 milhões de euros do que o antecipado. Ainda assim, nestes quatro anos, as estimativas dos economistas, Francisco Carballo-Cruz, João Cerejeira e Ana Paula Faria apontam para ganhos de 252 milhões de euros no VAB, de 115 milhões de euros na receita fiscal, de 6.895 postos de trabalho e de 310 milhões em despesas feitas no país com a Web Summit. Os estudos consideram três cenários, que variam de acordo com a taxa de crescimento do número de participantes, tipo de multiplicador (com consumo endógeno ou não) e estadia média de cada participante. O Negócios optou por considerar o cenário B (o central), mas a conclusão é semelhante nos três cenários.
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