Moedas toma posse em Lisboa com apelos à estabilidade e diálogo com oposição
Considerando que "não haveria democracia que funcione sem essa estabilidade", o reeleito presidente da câmara de Lisboa disse que terá "a abertura ao diálogo e ao compromisso para cumprir a vontade das pessoas, não as vontades partidárias".
O reeleito presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), assumiu esta terça-feira a ambição de tornar a cidade a capital mundial da Justiça Social, da Inovação e da Cultura, destacando a abertura ao diálogo com a oposição para governar.
"Se em 2021 vos prometi que seríamos Capital Europeia da Inovação e, quando ninguém acreditava, fomos mesmo, hoje queremos ser ainda mais, queremos conquistar mais. Nos próximos anos queremos ser, sem dúvida, a Capital Mundial da Justiça Social, a Capital Mundial da Inovação, a Capital Mundial da Cultura, porque nós não temos medo de sonhar, só temos medo de que os nossos sonhos sejam pequenos de mais. E é esse sonho, que deve ser não só para Lisboa, mas para toda a nossa Área Metropolitana", declarou Carlos Moedas, no seu discurso na cerimónia de tomada de posse, que ocorreu na Gare Marítima de Alcântara.
Carlos Moedas realçou que os lisboetas lhe deram "uma clara vitória eleitoral" no dia 12 de outubro e reforçaram a confiança no seu projeto político e social, sublinhando que a sua função é governar a cidade "pelo bem comum".
"Uns, como eu, fá-lo-ão governando. Outros o farão exercendo as funções de oposição. É assim a natureza da democracia e também a sua riqueza. [...] O pior que podemos fazer à democracia seria impor-lhe as nossas idiossincrasias e tal vale para quem governa, como para quem está na oposição. Quem exerce o governo deve governar, dialogando e encontrando compromissos. E quem exerce a oposição deve deixar governar, fiscalizando a ação de quem governa", afirmou o social-democrata, defendendo que o executivo deve respeitar as escolhas do povo.
Considerando que "não haveria democracia que funcione sem essa estabilidade", Carlos Moedas disse que terá "a abertura ao diálogo e ao compromisso para cumprir a vontade das pessoas, não as vontades partidárias".
Sobre as áreas de intervenção no mandato 2025-2029, o autarca disse que a habitação continuará a ter "prioridade máxima", em particular a habitação jovem, com 700 casas a reabilitar nos bairros históricos, assim como quatro novas centralidades na cidade, designadamente o Vale de Chelas, o Vale de Santo António, o Casal do Pinto e a Quinta do Ferro.
"São obras que demorarão o seu tempo, e eu sempre o disse, mas são obras que farão a diferença no futuro da cidade. A cidade nova que se faz não se vê imediatamente, mas é ela que perdura. Como outrora os meus antecessores sonharam com a Expo ou com a Alta de Lisboa", indicou.
Outras das áreas a intervir é na segurança, onde Moedas promete agir "com grande firmeza", exigindo ao Governo mais polícias, colocando mais videoproteção e voltando a ter guardas-noturnos.
O autarca comprometeu-se ainda a fazer a reforma da higiene urbana da cidade, propondo "o fim da delegação de competências entre a Câmara e as Juntas de Freguesia na limpeza e recolha dos ecopontos", assim como a recolha do lixo comum durante seis dias por semana.
Conforme assumiu durante a campanha eleitoral, Moedas quer também continuar a construir um estado social local, com mais centros de saúde e com mais creches, a investir no espaço público, na cultura, na inovação, no combate à burocracia e na mobilidade e ação climática.
Nas eleições de 12 de outubro, o social-democrata Carlos Moedas foi reeleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa, através da candidatura "Por ti, Lisboa" - PSD/CDS-PP/IL, que obteve 41,69% dos votos e conseguiu oito mandatos, mais um do que os sete alcançados em 2021, ficando a um de obter maioria absoluta, o que exigiria a eleição de nove dos 17 membros que compõem o executivo da capital.
A segunda candidatura mais votada foi a "Viver Lisboa" - PS/Livre/BE/PAN, encabeçada pela socialista Alexandra Leitão, que teve 33,95% dos votos e elegeu seis vereadores, seguindo-se o partido Chega, que conseguiu 10,10% dos votos e dois mandatos, e a CDU (coligação PCP/PEV), que obteve 10,09% dos votos e elegeu um vereador, tendo falhado a eleição de um segundo mandato pela diferença de um voto em relação ao Chega.
Centenas de personalidades da vida política, desde Aníbal Cavaco Silva (PSD), Manuela Ferreira Leite (PSD), Pedro Passos Coelho (PSD), Paulo Portas (CDS-PP), Mariana Leitão (IL), Inês Sousa Real (PAN) e João Cotrim Figueiredo (IL), assim como os presidentes das câmaras do Porto, Loures e Oeiras, e vários ministros do atual Governo PSD/CDS-PP, participam na cerimónia de instalação dos órgãos municipais de Lisboa para o quadriénio 2025-2029.
Da lista encabeçada pelo ex-comissário europeu Carlos Moedas foram eleitos e tomaram hoje posse como vereadores Gonçalo Reis (PSD), Joana Baptista (independente indicada pelo PSD), Rodrigo Mello Gonçalves (IL), Diogo Moura (CDS-PP), Maria Aldim (CDS-PP), Vasco Moreira Rato (independente indicado pelo PSD) e Vasco Anjos (IL). Da anterior equipa, Carlos Moedas apenas manteve o democrata-cristão Diogo Moura, que tinha atribuídos pelouros como Economia e Inovação.
Da coligação "Viver Lisboa" tomaram posse para a vereação do município: Alexandra Leitão (PS), Sérgio Cintra (PS), Carla Madeira (PS), Pedro Anastácio (PS), Carlos Teixeira (Livre) e Carolina Serrão (BE).
Os dois vereadores eleitos do Chega e que tomaram posse são Bruno Mascarenhas e Ana Simões Silva e o eleito da CDU empossado é o comunista João Ferreira.
No anterior mandato 2021-2025, o executivo municipal integrou sete eleitos da coligação "Novos Tempos" - PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança, sete eleitos da coligação "Mais Lisboa" - PS/Livre, dois da CDU e um do BE. O Chega não conseguiu eleger vereadores em 2021.
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