Monteiro de Barros iniciou contactos no Nordeste Transmontano
O empresário Patrick Monteiro de Barros já começou a sondar os autarcas do Nordeste Transmontano para a instalação de uma central nuclear na região, segundo disse hoje o presidente da Câmara de Mogadouro, Moraes Machado.
O empresário Patrick Monteiro de Barros já começou a sondar os autarcas do Nordeste Transmontano para a instalação de uma central nuclear na região, segundo disse hoje à Lusa o presidente da Câmara de Mogadouro, Moraes Machado.
O autarca afirmou ter manifestado «indisponibilidade absoluta» para um projecto daquela natureza numa área protegida como o Parque Natural do Douro Internacional e numa região que quer fazer do ambiente e do turismo o seu futuro.
Moraes Machado disse ter recebido «há cerca de 15 dias um pedido de audiência para discutir a implantação de uma indústria dentro do concelho».
Para a audiência apareceu um representante do empresário Patrick Monteiro de Barros que pretendia saber da disponibilidade do município para proceder a estudos para a instalação de uma central nuclear dentro do concelho, de acordo com a mesma fonte.
Município manifesta «indisponibilidade absoluta»
«O município manifestou a indisponibilidade absoluta para aceder a uma situação destas», afirmou o autarca, que vai levar o assunto terça-feira a reunião de Câmara.
Moraes Machado vai propor, e acredita que será aprovada por unanimidade, uma deliberação de «repúdio absoluto à implementação de tudo o que seja nuclear nesta zona».
Para o autarca social-democrata «não é sequer de considerar tal proposta numa região que quer fazer do ambiente e do turismo o seu futuro para atrair gente».
«Basta o factor psicológico do nuclear para repudiarmos em absoluto esta ideia», frisou, lembrando as manifestações de há oito anos que juntaram portugueses e espanhóis contra a pretensão do Governo de Espanha de instalar um cemitério de resíduos nucleares em Aldeadávila, no Douro Internacional, próximo do concelho de Freixo de Espada à Cinta.
O empresário Patrick Monteiro de Barros, que já propôs a construção de uma central nuclear em Portugal, defendeu no início de Maio, na Universidade de Vila Real, que o nuclear «é uma solução inevitável» e não afastou como possíveis locais para a instalação de uma central as bacias do Douro ou do Tejo.
Moraes Machado disse ter solicitado ao Ministério do Ambiente informações sobre se são do conhecimento oficial do Governo as diligências do empresário ou se se trata apenas de uma iniciativa particular.
Reacção depende do conhecimento do Governo
«A nossa reacção vai ser mais ou menos intensa conforme seja ou não do conhecimento do governo», afirmou, não adiantando que tipo posições estará disposto a tomar.
Moraes Machado não entende como é sequer possível ponderar tal hipóteses numa área protegida integrada no Parque natural do Douro Internacional, que do lado espanhol do rio se encontra também classificada.
O autarca lembrou de forma irónica que nas proximidades existe também o vasto património natural do rio Sabor, «onde o ambiente é tão importante que não se pode construir uma barragem que não tem poluição nenhuma», referindo-se aos entraves ambientais que têm sido colocados ao projecto da barragem do Baixo Sabor.
A intenção da instalação de uma central nuclear já motivou também um requerimento do deputado do PSD eleito por Bragança, Adão Silva, a pedir ao ministro da Economia informações sobre o ponto da situação.
No documento entregue dia 12 de Maio, na Assembleia da República, o parlamentar considera que tal projecto «não pode ser entendido senão como uma provocação», dadas as características do Douro Internacional e da região.
«Não é aceitável que os investidores privados, suportados na escassez energética do país, alentados pela necessidade de criar postos de trabalho no interior e de fixar população, perspectivem uma situação fortemente gravosa para as populações e os territórios que valem pela sua pureza ambiental e qualidade de vida», refere no requerimento.
Mais lidas