Montenegro salienta dinâmica económica de Portugal apesar dos constrangimentos externos
"Temos uma economia que cresce mais do que a média da União Europeia e registamos superávites sucessivos ao nível das contas públicas", apontou o primeiro-ministro.
O primeiro-ministro considerou esta terça-feira essencial que Portugal projete o seu atual contexto de credibilidade, com estabilidade financeira e social, e advertiu que a União Europeia tem de mudar rapidamente para interromper o seu definhamento político no mundo.
Estas posições foram defendidas por Luís Montenegro na intervenção inicial que proferiu numa palestra sobre a "União Europeia e Portugal" promovida pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, em Lisboa.
Perante cerca de uma centena de alunos, com o antigo presidente da Comissão Europeia José Manuel Durão Barroso a ouvi-lo, o líder do executivo português falou sobre os "constrangimentos" existentes na atual conjuntura internacional, designadamente a guerra na Ucrânia e no Médio Oriente, a estagnação registada pela Alemanha e a debilidade económica francesa.
"Mas em Portugal há um contexto de oportunidade e de credibilidade que não podemos desperdiçar. Temos uma economia que cresce mais do que a média da União Europeia e registamos superávites sucessivos ao nível das contas públicas", apontou, já depois de se ter referido à trajetória do país em termos de redução do desemprego e dos juros nos mercados internacionais desde os tempos da "troika".
Luís Montenegro assinalou ainda que Portugal regista esses excedentes orçamentais, numa conjuntura em que "também baixa os impostos sobre o rendimento do trabalho e sobre as empresas".
"E não deixa de valorizar os rendimentos ao aumentar os salários mínimo nacional, os médios e as pensões. Isto só é possível com dinamismo económico. A situação em que nós nos encontramos hoje tem muito pouco paralelo na Europa. Haverá dois, três países com uma situação parecida com a nossa, mas melhor duvido que haja algum", concluiu.
O primeiro-ministro começou a sua intervenção dizendo que esteve na semana passada em visitas oficiais à China e ao Japão, dois países em que verificou que "a cotação de Portugal é muito elevada".
Em relação à situação da União Europeia, o líder do executivo revelou-se crítico e advertiu que o bloco europeu só pode travar o seu definhamento político no mundo se for mais pujante do ponto de vista económico.
"Sem desenvolvimento e sem crescimento económico tudo fica prejudicado. O crescimento económico é um pressuposto essencial", advogou.
Em primeiro lugar, segundo o primeiro-ministro, impõe-se que a União Europeia "reduza a diferença ao nível da inovação tecnológica face aos Estados Unidos e à China", dando aqui como exemplo o vetor da inteligência artificial.
Montenegro considerou que a União Europeia tem de aumentar a autonomia estratégica em "áreas cruciais" como a segurança, a defesa e a energia. Em relação ao domínio energético disse haver uma "incapacidade" europeia em tornar-se "resiliente" e aludiu à adiada conclusão das interligações entre a Península Ibérica e o resto do continente.
A partir deste ponto relativo à energia, o líder do executivo salientou que em Bruxelas "é preciso revisitar o modelo de governação", de forma a possibilitar a adoção de "decisões mais rápidas". E também deixou reparos no que respeita à descarbonização, dizendo que os europeus "não se podem autopenalizar" e que o caminho tem de basear-se na "sustentabilidade".
Perante os alunos do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, Luís Montenegro recusou os modelos económicos protecionistas, mas, logo a seguir, também criticou uma tendência para o isolamento externo europeu ao nível comercial.
"Pessoalmente, acho uma declaração de falhanço e incapacidade que a União Europeia não concretize o acordo comercial que durou 25 anos a negociar com os países do Mercosul. Isso é uma demonstração escandalosa de incapacidade de realização, uma demonstração de fraqueza. E eu tenho dito isto em reuniões fechadas com os meus colegas líderes de governos da União Europeia e com os responsáveis das instituições europeias", acrescentou.
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