pixel

Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Notícias em Destaque

Tribunal de Contas recomenda revisão de plano de combate à desertificação

O Tribunal de Contas (TdC) recomendou que o Governo reveja o Programa Nacional de Combate à Desertificação, concluindo que, por falta de recursos, aquele instrumento não tem "uma verdadeira natureza de programa ou plano de ação".

tribunal de contas oliveira martins
tribunal de contas oliveira martins Miguel Baltazar
04 de Setembro de 2019 às 00:16

Numa auditoria divulgada esta quarta-feira, o TdC considera que o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PANCD), criado em 2014, "não identificou as concretas ações a desenvolver, as entidades e as áreas de governação responsáveis pela sua execução, o respetivo calendário, o custo envolvido" e a articulação com os programas ou fundos que poderiam financiá-lo.

Dirigindo-se especialmente ao ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural e ao do Ambiente e da Transição Energética, o Tribunal recomenda "rever o PANCD" e criar "um sistema de acompanhamento permanente e atualizado da desertificação e da degradação dos solos".

A revisão do programa é precisa para poder aproveitar o próximo período de fundos europeus, de 2021 a 2027 e para cumprir a meta de alcançar a neutralidade na degradação do solo em 2030, conforme os objetivos de desenvolvimento sustentável definidos pelas Nações Unidas.

Embora o programa parta de um "diagnóstico adequado" e nele se definam "objetivos e linhas de ação" dirigidos aos principais riscos de desertificação, era suposto ser cumprido "através de outros programas e estratégias", como a gestão de florestas e da água.

Contudo, nota o Tribunal, as "estruturas de governação" do programa "revelaram-se ineficazes", sem que a Comissão Nacional de Coordenação tenha cumprido as suas funções, "por falta de recursos humanos e financeiros" e com um Observatório Nacional da Desertificação que nunca funcionou.

"Não foi ainda implementado um sistema de monitorização permanente e atualizado que permita analisar e interpretar continuamente a dimensão e os riscos de desertificação e degradação dos solos em Portugal", refere o Tribunal no sumário da auditoria.

Mais de metade (58%) do território nacional, sobretudo Alentejo, Algarve, interior centro e nordeste são as zonas mais em risco de desertificação, ou seja, da degradação do solo provocada por variações climáticas e atividades humanas.

Na verdade, "não se conhece" a real execução do Programa e "não se consegue determinar a sua eficácia" por falta de recolha de informação e sem "análises ou avaliações" sobre a execução.

No programa de Desenvolvimento Rural, em que está prevista a aplicação de 2,7 mil milhões de euros de fundos europeus entre 2014 e 2020, não se consegue identificar que valor está atribuído ao PANCD.

O Tribunal defende que é preciso que no Plano estejam escritas "concretas ações a desenvolver", que entidades as vão cumprir, calendário, "custos e fontes de financiamento".

Devem também ser definidas "composição, competências, financiamento e operacionalização" das estruturas que é suposto coordenarem o PANCD.

O Tribunal defende ainda que deve ser aprovada "legislação adequada à proteção dos solos, prevenção da contaminação e respetiva remediação".

À Comissão Nacional de Coordenação de Combate à Desertificação e ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, o Tribunal de Contas recomenda "o reforço dos meios humanos" a quem compete o acompanhamento e a execução do programa e a "operacionalização do Observatório".

Ver comentários
Publicidade
C•Studio