Putin diz que exigências da UE para acordo de paz na Ucrânia são “inaceitáveis”

Presidente russo considera que as exigências europeias para garantir a paz na Ucrânia são "inaceitáveis" e, horas antes de reunir com os negociadores norte-americanos, voltou ao ataque. "Se a Europa quiser lutar connosco, estamos prontos para fazê-lo agora mesmo", atirou.
Putin discursa sobre proposta de acordo entre Kiev e Bruxelas.
Alexander Kazakov / Associated Press
Joana Almeida 20:53

Horas antes de se reunir com enviados dos Estados Unidos para discutir o plano de paz para a Ucrânia, o Presidente russo, Vladimir Putin, voltou ao ataque. “Não vamos lutar com a Europa, já disse isso cem vezes. Mas se a Europa quiser lutar connosco, estamos prontos para fazê-lo agora mesmo”, referiu, considerando as exigências europeias “inaceitáveis”

O aviso sinalizava já o desacordo da Rússia com o plano de paz norte-americano, que foi revisto pelos ucranianos e europeus e que deverá agora contar com 20 pontos em vez dos 28 iniciais, segundo o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky – o documento não foi ainda apresentado publicamente. E, a avaliar pela demora do encontro de Putin com os enviados norte-americanos, chegar a um entendimento não estará fácil. 

PUB

A questão territorial continua a ser o ponto mais sensível das negociações. A Rússia tem pressionado a cedência de regiões no leste do país, mas a Ucrânia e os países europeus recusam-se a aceitar. Além da manutenção da soberania e do território, Kiev e a UE definem ainda como prioridade a conceção de garantias de segurança para que a Ucrânia não volte a ser invadida pela Rússia. 

Em visita oficial à Irlanda, Volodymyr Zelensky mostrou-se confiante de que será possível chegar a um acordo com a proposta que está agora em cima da mesa. “Mais do que nunca, existe uma oportunidade para acabar com esta guerra”, disse, sublinhando, no entanto, que há “alguns aspetos” do plano de paz ainda precisam de ser definidos. Para Zelensky, esse plano deve ser “aberto, justo e imparcial”, e não deve ser alcançado “às escondidas da Ucrânia”.  

PUB

O encontro de Putin com os negociadores norte-americanos, que incluiu um jantar com pratos “clássicos da culinária russa”, juntou à mesa de negociações, do lado norte-americano, o enviado especial dos Estados Unidos para o Médio Oriente, Steve Witkoff, e Jared Kushner, genro do Presidente norte-americano e assessor externo nas conversações diplomáticas, para afinar o acordo de paz. 

De olhos postos nas negociações em Moscovo, o líder ucraniano acusou ainda o homólogo russo de estar a usar as negociações como forma de conseguir uma redução das sanções económicas aplicadas após o início da invasão na Ucrânia (prometendo dar provas disso) e de não estar verdadeiramente interessado em alcançar a paz. Apelou ao fim da guerra, em vez de um acordo de cessar-fogo temporário, e à transferência dos ativos russos congelados para apoiar a defesa e reconstrução do país. 

PUB
Se a Europa quiser lutar connosco, estamos prontos para fazê-lo agora mesmo. Vladimir Putin, Presidente da Rússia

O Banco Central Europeu (BCE) dá, no entanto, um parecer negativo à proposta europeia de avançar com um empréstimo de 140 mil milhões de euros à Ucrânia, em ativos russos congelados, com garantias dos Estados-membros para que o risco seja partilhado. Um porta-voz do BCE revelou esta terça-feira a proposta “provavelmente violaria os tratados legais da UE que proíbem o financiamento monetário”. 

PUB
Pub
Pub
Pub