Sánchez cumprirá Orçamento de Rajoy se Governo espanhol for derrubado

No primeiro de dois dias de debate e votação da moção de censura apresentada pelo PSOE contra o governo espanhol, o secretário-geral socialista compromete-se a cumprir o Orçamento aprovado pelo executivo popular. Futuro de Rajoy na mão de partidos nacionalistas da Catalunha e País Basco.
1/8
Foto: Reuters Pedro Sanchez Rajoy parlamento espanhol Foto: Reuters Pedro Sanchez Rajoy parlamento espanhol Foto: Reuters Pedro Sanchez Rajoy parlamento espanhol Foto: Reuters Pedro Sanchez Rajoy parlamento espanhol Foto: Reuters Pedro Sanchez Rajoy parlamento espanhol Foto: Reuters Pedro Sanchez Rajoy parlamento espanhol Foto: Reuters Pedro Sanchez Rajoy parlamento espanhol Foto: Reuters Pedro Sanchez Rajoy parlamento espanhol
David Santiago 31 de Maio de 2018 às 11:35

O futuro de Mariano Rajoy como primeiro-ministro já está a ser discutido no Congresso espanhol (equivalente a parlamento) e a decisão final à moção de censura apresentada pelo PSOE contra o governo do PP vai depender da posição de dois partidos regionais nacionalistas, o PNV do País Basco e o PDeCAT da Catalunha.

PUB

 

Esta quinta-feira é o primeiro de dois dias em que a moção de censura vai ser discutida e votada e o debate já decorre no Congresso. "Demita-se, o seu tempo acabou", atirou o secretário-geral socialista Pedro Sánchez dirigindo-se ao primeiro-ministro Rajoy.

PUB

"Demita-se e esta moção de censura termina aqui e agora", acrescentou Sánchez explicando que assim Mariano Rajoy "poderá sair da presidência do governo por decisão própria". Apesar de não ser deputado, Sánchez está no Congresso a assistir ao debate da moção cuja apresentação ficou a cargo do socialista José Luis Ábalos.

Se a moção de Pedro Sánchez receber o mínimos de 176 votos necessários à aprovação, o líder do PSOE comprometeu-se perante os deputados a respeitar e cumprir o Orçamento do Estado recentemente aprovado pelo executivo popular com o apoio do Cidadãos.

PUB

Em resposta ao secretário-geral socialista, o presidente do PP, que pode pedir a palavra sempre que quiser ao longo da discussão apresentada na passada sexta-feira, acusou Sánchez de privilegiar uma agenda pessoal de poder e não o interessa da Espanha.

Uma vez que a moção não contempla a demissão do governo e posterior marcação de eleições antecipadas, prevendo apenas a primeira, se for aprovada a censura a Rajoy então Sánchez torna-se primeiro-ministro. Sendo que Sánchez já se comprometeu a rapidamente agendar eleições uma vez destituído o actual chefe do governo.

PUB

Mariano Rajoy criticou o facto de o PSOE não ter qualquer programa político alternativo ao do governo do PP e, sobre a garantia de Sánchez de que cumprirá o Orçamento, o primeiro-ministro apontou as contradições:  "votaram contra [o Orçamento] e votaram com entusiasmo" com um enfático "não é não". Rajoy acusou ainda Sánchez de ceder ao Podemos ao avançar com esta moção.

 

PUB

Rajoy nas mãos dos nacionalistas

Não deixa de ser irónico que o futuro de Mariano Rajoy como primeiro-ministro dependa da decisão de dois partidos nacionalistas, o PNV e o PDeCAT, o segundo a força a que pertence o presidente destituído da Catalunha, Carles Puigdemont.

PUB

Depois da polémica em torno do caso Cifuentes e após a sentença de quinta-feira passada no caso Gürtel (dois casos de corrupção que envolvem membros do PP), o PSOE apresentou uma moção com vários significados. Colocar em causa a continuidade de Rajoy e também pôr em xeque o Cidadãos de Albert Rivera que surge na dianteira das sondagens.

Foi o Cidadãos a viabilizar o governo e o Orçamento e Sánchez obriga Rivera a escolher apoiar Rajoy e correr o risco de ser associado à protecção de um partido muito manchado pelo fenómeno da corrupção, ou apoiar a moção e viabilizar um governo provisório do PSOE.

PUB

Apesar das negociações dos últimos dias, PSOE e Cidadãos não chegaram a um entendimento, porque Rivera queria que os socialistas retirassem a actual moção de forma a que outra censura, que previsse a convocação de eleições antecipadas, fosse apresentada. Sánchez não aceitou retirar esta moção e não houve acordo, o que permite antecipar que o Cidadãos não vote a favor do expediente dos socialistas.  

Sánchez conta com os deputados do PSOE, Podemos, o Compromís da comunidade valenciana, Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e ainda um deputado da coligação canária, o que perfaz 165 votos. Como tal, para a moção ser aprovada o PSOE precisa garantir o apoio dos deputados do Partido Nacionalista Basco (PNV) e do PDeCAT da Catalunha.

PUB

Mas se assegurar os votos do PDeCAT parece uma tarefa menos complexa, não só devido ao imobilismo mas também porque Sánchez promete "restabelecer as pontes" entre Madrid e Barcelona, obter o apoio do PNV será mais difícil, até porque recentemente os bascos foram decisivos ao aprovar os últimos orçamentos do PP (2017 e 2018).

Pub
Pub
Pub