Eleições em Espanha: conheça as propostas dos quatro principais partidos
São várias as diferenças registadas nos programas eleitorais com que PP, PSOE, Cidadãos e Podemos concorrem às eleições gerais espanholas agendadas para este domingo. Veja o essencial de cada um dos programas.
Os espanhóis vão votar este domingo, 20 de Dezembro, nas eleições gerais que determinarão a constituição do Parlamento durante a próxima legislatura. Além da já antecipada morte do tradicional bipartidarismo espanhol, prevê-se que o próximo Parlamento seja bem mais fragmentado do que o actual, o que se deverá, em grande medida, à ascensão do Podemos e do Cidadãos à categoria de "grandes partidos".
Enquanto o PP do primeiro-ministro Mariano Rajoy defende a continuidade das políticas, reforçadas pelo bom momento que atravessa a economia espanhola, as restantes forças apelam à mudança, apontando o dedo aos elevados níveis de corrupção, que atingiram o partido no poder, e ao desemprego. Veja as principais medidas propostas pelos quatro principais partidos.
IMPOSTOSDos quatro principais partidos, apenas dois prometem baixar a carga fiscal sobre as famílias e empresas espanholas. Ao centro e ao centro direita, Cidadãos e Partido Popular, respectivamente, há a garantia de baixar os impostos. Já o PSOE e o Podemos querem elevar a carga fiscal sobre as empresas e os rendimentos mais elevados. Todos querem reforçar o controlo sobre as Sicav – sociedades de investimento de capital variável.

Os socialistas (PSOE) querem aumentar os impostos sobre os rendimentos mais elevados e reformar os escalões do IRS, IRC e dos impostos sobre o património. Subindo, por exemplo, a tributação sobre os rendimentos provenientes das poupanças. Aumentar para 15% a tributação mínima sobre os lucros contabilísticos das grandes empresas que não tenham sido tributados noutro país. Diminuir a taxa de IVA da Cultura para 10% e tentar que, no conjunto da União Europeia, o máximo tributável em sede de IVA nesta área seja de 4%. Criação de n
O partido de Albert Rivera, Cidadãos, quer baixar os quatro escalões de IRS, estabelecendo uma taxa máxima de 43,50% para rendimentos a partir dos 62 mil euros e uma taxa mínima de 18,40% para os rendimentos até aos 22.100 euros anuais. Para rendimentos entre 22.100 e 37.200 euros uma taxa de 29,10% e de 35,80% para os rendimentos do terceiro escalão (37.200 euros – 62.000 euros). Um imposto de IRC único de 20% para as PME. Apenas duas taxas de IVA: uma geral de 18% e uma reduzida de 7%, em que seriam incluídos todos os bens actualmente enquadrados na taxa mínima que é de 4% bem como os produtos relacionados com a Cultura e a hotelaria. Isentar de impostos heranças de valor inferior a 1 milhão de euros. Eliminar o imposto de selo/circulação, que seria substituído por um novo imposto verde. Para combater a fraude fiscal, o Cidadãos propõe simplificar o regime de contabilidade das PME, devolver a supervisão das Sicav à autoridade tributária, cujos recursos devem ser reforçados.
O Podemos propõe a criação de novos escalões de IRS, desde logo para os rendimentos anuais superiores a 60 mil euros. Sendo que os rendimentos superiores a 300 mil euros seriam taxados por uma taxa máxima de 55%. Definir u
DÉFICEApenas os populares pretendem manter como metas aquilo que foi acordado com as instâncias europeias. Os restantes três partidos apresentam diferentes objectivos quanto à velocidade e dimensão da redução do défice.
O PP garante cumprir os limites acordados com Bruxelas. Terminar 2015 com um défice de 4,2% do PIB, de 2,8% no próximo ano, 1,4% em 2017 e de apenas 0,3% em 2018.
O PP garante cumprir os limites acordados com Bruxelas. Terminar 2015 com um défice de 4,2% do PIB, de 2,8% no próximo ano, 1,4% em 2017 e de apenas 0,3% em 2018.
O PSOE compromete-se a reduzir progressivamente o défice até 1% do PIB no final da próxima legislatura, propondo negociar com as instâncias europeias a meta dos défices em cada um desses quatro anos.
O PSOE compromete-se a reduzir progressivamente o défice até 1% do PIB no final da próxima legislatura, propondo negociar com as instâncias europeias a meta dos défices em cada um desses quatro anos.
Querem (Cidadãos) adiar a saída do procedimento por défice excessivo para 2017, tendo como objectivo negociar com Bruxelas um défice de 3,2% do PIB em 2016, uma vez que antecipa desvios ao Orçamento para o próximo ano e que já foi aprovado pelo PP.

Pedro Sánchez quer negociar com Bruxelas metas mais flexíveis para o défice. Mas garante atingir 1% no final da legislatura.
EMPREGO/SALÁRIO MÍNIMOApenas o Cidadãos é contra a subida do salário mínimo, até porque defende a sua extinção, mas todos os outros diferem quanto à dimensão e ritmo da sua subida. O PP é o único que defende a reforma laboral de 2012.
O PP defende a continuação em vigor da reforma laboral aprovada em 2012 e que, entre outras medidas, passou a permitir que as empresas com menos de 50 trabalhadores disponham de um ano de experiência para os novos funcionários, que durante este período podem ser despedidos sem indemnização. Fomentar o emprego isentando do pagamento de contribuições para a Segurança Social os primeiros 500 euros de salário aos contratos sem termo. Os conservadores são contra a subida significativa do salário mínimo, considerando que tal medida penalizaria a produtividade. Além disso, o PP sustenta que a moderação salarial contribuirá para criar emprego.
Depois das críticas à reforma da legislação laboral e da promessa de revogar a mesma, o PSOE diz agora pretender fazer uma "reforma profunda" da mesma. Defende que empresários e sindicatos façam uma renegociação das indemnizações e ainda a redacção de um novo Estatuto do Trabalhador. Subir o salário mínimo e eliminar todos os incentivos à contratação, canalizando esse dinheiro para a formação. Criação de um rendimento mínimo para as famílias em risco de pobreza. Fazer com que o salário mínimo passe a ser 60% do salário médio líquido praticado em Espanha, o que elevaria o salário mínimo dos actuais 648 euros para mil euros.
O Cidadãos quer revogar todas as alterações feitas nos últimos anos pelo PSOE e PP em matéria laboral, propondo a criação de um contrato único de trabalho com indemnizações crescentes, cujas condições, porém, não especifica. Propõe que as indemnizações para as novas contratações sejam atribuídas de forma crescente mediante a antiguidade do trabalhador na empresa. E ainda a criação de um seguro contra despedimentos, para o qual as empresas contribuiriam com 1% do salário do funcionário, podendo este usufruir desse seguro se despedido ou reformado. Defende que o salário mínimo desincentiva a criação de emprego, pelo que propõe um complemento salarial anual para as famílias com salários mais baixos, uma medida que acreditam custaria menos de 1% do PIB e que seria financiada pela redução das prestações sociais para desempregados.
Albert Rivera quer acabar com o salário mínimo e substitui-lo por complemento salarial anual para as famílias mais pobres.
PENSÕESTodos consideram necessário subir as pensões, nomeadamente as mais baixas.
Financiar as pensões por viuvez e orfandade com impostos e criar novos incentivos às pensões privadas. Aumentar as deduções em sede de IRS e definir novos incentivos aos trabalhadores que adiem a idade de reforma para lá dos 67 anos de idade são as propostas do PP.
Criar um imposto sobre as pensões menos contributivas, revalorizar as pensões de acordo com a inflação e fazer uma reforma do sistema criando um imposto específico para o efeito (PSOE).
Eliminar o recuo da idade de reforma para os 67 anos, criando incentivos para quem continue activo depois dos 65 anos. No fundo, Rivera quer que as pessoas possam escolher a sua própria idade de reforma (Cidadãos).

Mariano Rajoy quer dar incentivos aos trabalhadores que adiem a idade de reforma para lá dos 67 anos.
CONSTITUIÇÃOOs populares são os mais intransigentes na defesa da actual Constituição, mas ainda assim admitem introduzir algumas alterações pontuais e que não de fundo. Ao centro e à esquerda há acordo sobre a necessidade de mudar a lei fundamental, mas diverge-se quanto ao alcance das alterações.
O PP defende a Constituição tal como está, mas Rajoy admite analisar as propostas que venham a ser feitas.
Pablo Iglesias quer mudar a organização territorial do país e considerar a habitação, educação e saúde direitos fundamentais.
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