Governo dinamarquês vai propor corte de impostos mas dinamarqueses não querem
A Dinamarca é o país da OCDE onde a carga fiscal face ao PIB é maior mas, mesmo assim, os dinamarqueses são avessos a propostas de cortes de impostos. Governo sustenta que diminuição da carga fiscal é essencial para a manutenção do Estado Social.
A coligação governamental de centro-direita que governa a Dinamarca está a preparar um plano que assenta num corte generalizado de impostos. Contudo e por mais paradoxal que pareça, os dinamarqueses não costumam ver com bons olhos propostas de diminuição de impostos, tal como confirmam diversas sondagens realizadas no país.
A Dinamarca é o país da OCDE com o maior peso da carga fiscal relativamente ao PIB (em 2015 representava 47%, o rácio mais elevado entre os países mais desenvolvidos), com as receitas a serem utilizadas para financiar um Estado Social que garante o acesso universal e gratuito a educação, saúde, cuidados a idosos e crianças.
No entanto, no entender do governo local o cada vez menor número de trabalhadores a descontar para a Segurança Social coloca em causa o modelo de Estado-providência dinamarquês. Nesse sentido, o ministro dinamarquês das Finanças, Kristian Jensen, irá apresentar, em finais deste mês, uma proposta no Parlamento com vista à redução da carga fiscal.
Esse plano surge depois de há escassos dias o Executivo ter proposto um corte ao limite máximo da taxa marginal. Em entrevista telefónica concedida esta quarta-feira, Jensen revelou que a nova proposta irá contemplar um pacote mais alargado de medidas que irão reduzir o volume total de impostos.
Kristian Jensen sustenta que a Dinamarca precisa ter mais trabalhadores e garante que "cortar impostos sobre os rendimentos mais altos ajudaria, sem dúvida, a alcançar o efeito positivo pretendido". Jensen explica que o objectivo passa por encontrar formas alternativas para promover a oferta de mão-de-obra através do corte de impostos.
Um dos problemas passa pelo elevado número de cidadãos a receberem assistência social. Num país com à volta de 5,8 milhões de habitantes, "cerca de 750 mil pessoas estão a receber ajuda estatal e temos uma oportunidade única de fazer cair esse número", defendeu o ministro das Finanças. Para quem a redução da carga fiscal "encorajaria as pessoas a trabalhar mais, a trabalhar fins-de-semana e por aí adiante".
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