Antigos aliados pressionam Macron a demitir-se. "Mais 18 meses disto é demasiado"
França vive um novo episódio de uma instabilidade política que já se arrasta há vários meses. Só nos últimos dois anos, o país teve cinco primeiros-ministros. O mais recente, Sébastien Lecornu, esteve no cargo apenas 27 dias e o Governo por si nomeado durou meras 14 horas, antes de apresentar a demissão nesta segunda-feira. Uma crise política que se fez refletir de imediato nos mercados das ações e das dívidas soberanas.
Enquanto Lecornu faz um último esforço de diálogo com os restantes partidos políticos franceses, com o objetivo de evitar o prolongamento da crise, o Presidente francês, Emmanuel Macron, parece cada vez mais isolado na sua forma de enfrentar o problema.
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Os partidos da oposição, com destaque para o Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, pedem eleições parlamentares o quanto antes e não uma nova nomeação de um primeiro-ministro pelo Presidente francês. Mas a própria postura e manutenção de Macron no cargo de presidente, que não tem conseguido estabilizar o país politicamente, começa a colher críticas junto daqueles que já lhe foram próximos.
Edouard Philippe, que foi primeiro-ministro francês no primeiro mandato de Macron, considera que o país deveria ir a eleições presidenciais o quanto antes, o que implica a demissão de Macron. "[A França] precisa de emergir de forma ordeira e digna de uma crise política que está a prejudicar o país", disse já nesta terça-feira ao canal RTL. "Mais 18 meses disto é demasiado".
A posição do político é justificada pelo facto de novas eleições parlamentares poderem resultar na mesma fragmentação política que tem provocado estas crises em França. Segundo o Financial Times, o próprio Edouard Philippe é visto como um potencial candidato a futuras eleições presidenciais em França, que se não forem realizadas antes, só acontecerão em em abril de 2027. Em França, quando o partido do Presidente do país tem maioria no Parlamento, traduz-se tipicamente em maior estabilidade política, pelo alinhamento de visões entre Presidente, primeiro-ministro e deputados.
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Também Gabriel Attal, outro antigo primeiro-ministro francês sobre a presidência de Macron, foi perentório em declarações ao canal TF1: "Já não percebo as decisões do Presidente".
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