Só uma em cada 10 medidas do relatório de Draghi para competitividade da UE foi adotada
Só uma em cada 10 medidas propostas pelo banqueiro e economista italiano Mario Draghi no seu relatório para aumentar a competitividade económica da União Europeia (UE) foi até agora adotada, quando se assinala um ano desde a publicação do documento.
No seu relatório publicado em setembro de 2024 e encomendado um ano antes, Mario Draghi estimou em 800 mil milhões de euros as necessidades anuais de investimento adicional na UE face aos concorrentes China e Estados Unidos, o equivalente a mais de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) comunitário e acima do Plano Marshall.
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O antigo presidente do Banco Central Europeu propôs, para tal, uma emissão regular de dívida comum na UE, como aconteceu para fazer face à crise da covid-19, um investimento maciço em defesa e uma nova estratégia industrial comunitária.
Segundo dados agora divulgados pela organização europeia de lóbi Conselho Europeu para a Inovação Política (EPIC, na sigla inglesa), do total de 383 recomendações apresentadas, apenas 11,2% (43 medidas) foram totalmente cumpridas.
Contando com os progressos parciais, o EPIC estima que a UE já tenha implementado 31,4% (77 medidas) das iniciativas defendidas por Mario Draghi, estando o resto em curso (46%, 176 medidas) ou por aplicar (22,7%, 87 medidas).
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Esta organização fala em "disparidades setoriais marcantes", especificando que os transportes e as matérias-primas críticas estão à frente, impulsionados pela segurança da cadeia de abastecimento e pela transição para veículos elétricos, enquanto as áreas da energia e da digitalização estão atrasadas devido às diferentes sensibilidades políticas na UE, à regulamentação complexa e à propriedade fragmentada.
Num outro instrumento de monitorização de resultados, chamado de "Draghi tracker" e assinado pela Iniciativa Europeia Conjunta Disruptiva, estima-se em 14% a implementação das principais medidas propostas no relatório Draghi, tendo por base as 20 recomendações mais importantes.
Esta terça-feira, em Bruxelas, realiza-se uma conferência de alto nível para analisar o progresso da Comissão Europeia na implementação das recomendações estabelecidas no relatório Draghi, mas, apesar de contar com o antigo presidente do Banco Central Europeu e com a presidente da Comissão Europeia, o evento não é aberto à imprensa, apenas transmitido 'online'.
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Passou um ano desde que o antigo presidente do Banco Central Europeu divulgou o seu relatório sobre o futuro da competitividade europeia, no qual revelou ser necessário um investimento adicional anual mínimo de 750 a 800 mil milhões de euros, o correspondente a 4,4-4,7% do PIB comunitário em 2023.
"As necessidades de financiamento necessárias para que a UE cumpra os seus objetivos são enormes, mas o investimento produtivo é fraco, apesar da ampla poupança privada", indicava o relatório, dando conta de que, em 2022, a poupança das famílias da UE foi de 1.390 mil milhões de euros, em comparação com 840 mil milhões de euros nos Estados Unidos.
As três grandes transformações sugeridas por Mario Draghi incidiam em acelerar a inovação e encontrar novos motores de crescimento, apostar na descarbonização e em reduzir os elevados preços da energia e ainda em reduzir dependências dadas as tensões geopolíticas.
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"Estamos a dar resposta aos principais estrangulamentos identificados pelo relatório Draghi -- desde a energia ao capital, passando pelo investimento e pela simplificação", disse na passada quinta-feira a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no seu discurso sobre o Estado da União.
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