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Reforma da Zona Euro: Carlos Costa está "céptico", Santos Silva pede "mínimo denominador comum"

O governador do Banco de Portugal pede "decisões corajosas" para avançar na reforma da Zona Euro. Os riscos de adiar decisões são "significativos", garante.

Banco Portugal carlos costa
Banco Portugal carlos costa
03 de Dezembro de 2018 às 16:48

O governador do Banco de Portugal está "céptico" quanto à capacidade dos Estados-membros de avançar no aprofundamento e reforma da Zona Euro. "Desejo estar enganado", disse, frisando que não tomar "decisões corajosas" implica "riscos significativos" para a união económica e monetária. Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, diz que Portugal pede "o mínimo denominador comum".

"A União Europeia encontra-se confrontada com grandes desafios que exigem decisões corajosas", disse Carlos Costa, esta segunda-feira, 3 de Dezembro, num seminário sobre o aprofundamento e a reforma da Zona Euro, organizado pelo Banco de Portugal. "Existem riscos significativos associados ao adiamento de uma clarificação" do percurso de reforma e aprofundamento da Zona Euro, avisou.

"Teremos de ser realistas e pensar que é um passo importante que devia ser dado no próximo Conselho Europeu, dado que o tempo urge e os problemas são de grande gravidade", sublinhou ainda Carlos Costa, pedindo aos Estados-membros que tenham "visão para pensar no futuro e não apenas nas suas agendas nacionais".

Depois, confessou: "Estou céptico quanto aos avanços concretos que possam resultar da Cimeira", mas "para o bem do futuro da Europa desejo estar enganado".

Santos Silva pede "mínimo denominador comum"

Para Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, a forma de avançar será encontrar "o mínimo denominador comum" entre os diferentes Estados-membros para cada um dos pontos fundamentais da reforma.

Directo ao assunto, Santos Silva exemplificou: "Os nossos colegas ministros das Finanças insistem na necessidade de reduzir os riscos antes de avançar" para mais mutualização, como por exemplo o sistema de seguro europeu de depósitos. "Qualquer coisa que se proponha eles respondem roboticamente, como se fosse um mantra, que é preciso reduzir os riscos", continuou o  ministro, que falava no mesmo seminário, em Lisboa.

"Outros, minoritários, respondem que é preciso partilhar os riscos. Portugal diz que esta divisão paralisa-nos. Evidentemente que temos de reduzir e que temos de partilhar", defendeu. "Esta conversa de surdos tem de ser abandonada", defendeu.

O mesmo em relação ao orçamento para a Zona Euro, que nesse modelo não acolhe apoio da maioria dos países do euro, mas que se for pensado como apenas uma capacidade orçamental, ou até apenas uma linha dedicada à Zona Euro, dentro do quadro de financiamento plurianual, poderá acolher o apoio necessário.

"Talvez possamos dizer que, se há pelo menos um mínimo denominador comum, aproveitemos esse mínimo denominador comum," pediu Santos Silva.

As palavras do ministro dos Negócios Estrangeiros e do governador português chegam precisamente no dia em que o Eurogrupo, liderado por Mário Centeno, e os líderes das Finanças da União Europeia (o formato alargado de reunião) discutem a reforma da zona euro com vista a limar as arestas e chegar a um entendimento para a Cimeira do Euro, agendada para 14 de Dezembro.

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