Esquerda critica Governo por folga no défice

Durante as suas interpelações ao ministro das Finanças, Bloco de Esquerda e Partido Comunista mostraram o seu desagrado com o valor de défice anunciado pelo ministro das Finanças, argumentando que existia margem para mais medidas de reposição de rendimentos.
Esquerda critica Governo por folga no défice
Nuno Aguiar 15 de Fevereiro de 2017 às 12:57

Mário Centeno anunciou que o défice orçamental de 2016 não ficará acima de 2,1%. Um resultado que bate as exigências e as previsões de Bruxelas, assim como o objectivo inicial do próprio Governo. No entanto, esse valor não foi bem recebido pelas bancadas da esquerda. O BE e o PCP argumentam que ele configura uma folga que deveria estar a ser usada. 

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Depois de ter assumido que os dados sobre a economia portuguesa eram "positivos", Mariana Mortágua deixou críticas ao anúncio de défice mais baixo do que se previa. "Quer dizer que há 1.674 milhões de euros que podiam estar a ser gastos a contratar auxiliares para as escolas, investir no sistema de saúde do país, desagravar os impostos sobre o trabalho, investir na economia e potenciar o potencial do consumo e do investimento", afirmou.

"Não estão [a ser usados] porque o Governo entende que tem de ter na parede o diploma de redução do défice", acrescentou, deixando um pedido: "A aposta na recuperação de rendimentos está a dar resultado, mas tem de ser consequente na vertente orçamental."

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Paulo Sá, usou a mesma linha de argumentação. "Não podemos deixar de lembrar que a saída do PDE [procedimentos dos défices excessivos] requeria um défice inferior a 3%", frisou. "Um défice de 2,5% ou 2,6% continuaria a permitir a saída do PDE, mas também libertaria milhões de euros." O deputado do PCP notou que cada décima a menos no défice representa menos 190 milhões de euros para a economia. "Imagine as medidas de reposição de rendimentos que poderiam ser adoptadas se tivéssemos essa margem orçamental."

Mário Centeno respondeu a estas críticas, reconhecendo que "nem sempre as decisões são fáceis" e justificando o maior esforço de consolidação das contas públicas com a necessidade de "garantir o financiamento da economia portuguesa". "Os resultados da economia são uma peça fundamental para transmitir a materialização das condições desse financiamento", acrescentou.

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