Novo governador do BdP pede "disciplina orçamental" e promete "relação cordial" com governos
Álvaro Santos Pereira, que será o novo governador do Banco de Portugal (BdP), pede "disciplina orçamental" a Portugal, para que, perante a dívida pública ainda elevada, tenha "margem de manobra" para responder a "choques inesperados" e abrandamento da economia.
O ainda economista-chefe do OCDE, que foi indigitado pelo Governo como novo governador em julho, está a ser ouvido no Parlamento nesta quarta-feira, 17 de setembro, um passo necessário antes de tomar posse como líder do banco central.
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Depois de ter alertado para os riscos para a economia mundial, relacionados sobretudo com os conflitos militares e os travões ao comércio mundial, Álvaro Santos Pereira deixou recados também sobre Portugal.
Lembrando que a dívida pública está acima dos 95% do PIB, apesar da melhoria nos últimos anos, o governador indigitado defendeu que é necessário "manter a disciplina orçamental" para manter a trajetória de redução do endividamento público e ter "margem de manobra" para responder a "choques inesperados" e um abrandamento da economia. "Não há margem para complacências", alertou.
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Durante a sua intervenção inicial, Álvaro Santos Pereira promete que a "independência será sempre o princípio basilar" da sua ação à frente do BdP. O tema da independência continuou na audição pela mão do PSD, que questionou o governador indigitado sobre se este foi membro de algum partido político ou se teve a intenção pessoal de assumir cargos políticos - numa referência dissimulada a Mário Centeno.
"Nunca pertenci a nenhum partido político", começou por dizer Álvaro Santos Pereira, que foi ministro da Economia durante cerca de dois anos no governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho. Depois, disse que teve convites para outros cargos políticos, "mas que não aceitou".
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Prometeu em seguida "levar ao limite" a independência. "Não me interessa quem está no Governo. Procurarei ter uma relação cordial com os governos nos próximos anos, independentemente da cor política", disse. Recorde-se que o mandato do governador é de cinco anos (mais um do que o do governo). "A independência dos bancos centrais é sagrada", reiterou.
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