Bondalti, Cimpor e Almina são as empresas com mais apoios do PRR à descarbonização
A Bondalti, Cimpor e Almina – Minas do Alentejo são as empresas que mais beneficiam dos apoios à descarbonização incluídos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). A conclusão é da comissão de acompanhamento do PRR e consta de uma análise feita às dez maiores empresas beneficiárias do PRR na área da descarbonização da indústria, divulgada esta segunda-feira.
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Para a descarbonização da indústria, o PRR tem reservado um financiamento total de 737 milhões de euros, com vista a apoiar uma "mudança de paradigma na utilização dos recursos, para acelerar a transição para a neutralidade carbónica". Este é, por isso, uma das áreas de destaque do PRR, sendo que os projetos aprovados têm de contribuir para uma redução média de, pelo menos, 30% das suas emissões de gases com efeito de estufa.
Segundo a análise da comissão liderada por Pedro Dominguinhos, a Bondalti é a empresa que mais beneficia estes apoios. Ao todo, a empresa liderada por João de Mello recebe 30,9 milhões de euros do PRR, por um projeto de investimento de 68 milhões, com vista a integrar energias renováveis em processos intensivos em energia, para "reduzir o impacto ambiental dos processos produtivos do complexo industrial de Estarreja".
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Segue-se, em segundo lugar, a Cimpor, com um financiamento de 30,1 milhões de euros do PRR, depois de ver aprovado um projeto de investimento total de 128,9 milhões. Em causa está um projeto para descarbonizar o processo de fabrico de cimento no Centro de Produção de Alhandra, que se prevê que venha a reduzir as emissões de CO2 em mais de 190 mil toneladas anuais.
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A fechar o pódio, aparece a Almina – Minas do Alentejo, que recebe um financiamento de 28,1 milhões do PRR, por um projeto de investimento com um custo total de 99,9 milhões. O projeto visa, por um lado, reincorporar os recursos "rejeitados" do processo de mineralização, devolvendo-os à sua origem, e, por outro, ter energia de fonte renovável. Em conjunto, isso vai permitir diminuir a pegada carbónica da empresa mineira.
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Além destas empresas, fazem parte do top 10 de maiores beneficiárias a cimenteira Secil (com um financiamento de 25,6 milhões do PRR), a agroalimentar Sugal (com 24,3 milhões), a papeleira Navigator Pulp de Setúbal (com 21,5 milhões), a vidreira Santos-Barosa (com 17,2 milhões), a Navigator Pulp de Aveiro (com 15 milhões), a empresa de madeiras José Afonso Filhos (com 12,3 milhões) e a Navigator Issue de Aveiro (com 11,8 milhões).
Em conjunto, a comissão de acompanhamento do PRR indica que as 10 maiores empresas beneficiárias recebem 702 milhões de euros de financiamento do PRR, num total de investimento de 1.407 milhões.
Apelo a "clareza e rapidez" na execução
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Tendo em conta que são investimentos de grande "complexidade e porte financeiro", a comissão de acompanhamento do PRR considera que "é essencial clareza e rapidez, sob pena de atrasos e dificuldades no cumprimento do prazo e metas". Isto porque a execução do PRR deve estar concluída até ao final de 2026, o que significa que as empresas têm pouco mais de dois anos para concluir os projetos.
A comissão dá conta de que, em visitas ao terreno, foram identificadas "muitas incertezas quanto à encomenda de equipamentos, muitos deles bastante complexos, outros feitos à medida, prazos de entrega longos e custos acrescidos". Mas subsistem incertezas, "especialmente quando são necessários licenciamentos, intervenção de entidades externas ou entrega de equipamentos".
"Em investimentos desta complexidade e porte financeiro, é essencial clareza e rapidez, sob pena de atrasos e dificuldades no cumprimento do prazo e metas", alerta.
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Acresce que, para a comissão liderada por Pedro Dominguinhos, "é essencial que se clarifique a metodologia de verificação dos resultados", já que, no final de 2025, não haverá "um ano completo para medição das reduções". Porém, "é premente a realização de estudos de resultado e impactos".
Os apoios à descarbonização da indústria foram alargados, depois de, no primeiro aviso lançado em julho de 2022, terem sido "identificados vários constrangimentos em candidaturas de pequenas e médias empresas (PME)".
Desde então, a modalidade A (destinada a projetos simplificados de descarbonização da indústria) passou a contar com um apoio até 200 mil euros por empresa, durante um período de 3 anos, ao abrigo da chamada "regra de minimis" dos auxílios de Estado. Já a modalidade B enquadrou os restantes projetos de desacarbonização, com maior montante. Nessa última modalidade, os projetos podem ir até aos 15 milhões de euros.
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