Governo quer cortar verbas do PRR previstas para Habitação e Mobilidade Sustentável

Anúncio foi feito pelo secretário de Estado Hélder Reis, no Parlamento. Governo quer que projetos que deixem de ser financiados pelo PRR possam ter continuidade com recurso a outras fontes de financiamento, como empréstimos do BEI.
fundos europeus hélder reis ad&c
Tony Dias/Movephoto/Medialivre
Joana Almeida 30 de Janeiro de 2025 às 20:52

O Governo tenciona reduzir as verbas previstas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para áreas como a Habitação, Mobilidade Sustentável e a Gestão Hídrica, no âmbito da reprogramação do plano a apresentar em Bruxelas. A intenção foi divulgada pelo secretário de Estado do Planeamento e Desenvolvimento Regional, Hélder Reis, em audição no Parlamento.

PUB

O esboço apresentado por secretário de Estado aos deputados prevê uma diminuição de 391,3 milhões de euros no financiamento previsto para a Habitação e um corte de 415,9 milhões em Mobilidade Sustentável. De igual forma, o Governo prevê uma retirada de 224,4 milhões de euros destinados atualmente no PRR à Gestão Hídrica, 21,5 milhões a Qualificações e Competências, 39 milhões para Empresas 4.0.

Essa diminuição do financiamento não significa, no entanto, que os investimentos nessa área não se concretizem. A ideia do Governo é que esses investimentos possam obter outras fontes de financiamento, como empréstimos do Banco Europeu de Investimento (BEI). "O financiamento há-de ser encontrado de outra forma, e para alguns destes projetos temos que o encontrar rapidamente", frisou.

PUB

Sem concretizar especificamente quais os investimentos que vão deixar de ser financiados pelo PRR, Hélder Reis explicou que, no caso da Habitação, a retirada de financiamento tem a ver sobretudo com a subida do custo das obras e o pouco tempo restante para as concretizar. "Temos 6.800 casas para concretizar, dentro daquilo que é o parque habitacional público a custos acessíveis. Naturalmente que vamos concretizar o parque habitacional a custos acessíveis, apenas vamos trocar a fonte de financiamento", disse.

Na Mobilidade Sustentável, a redução da ambição tem a ver sobretudo com os atrasos nos metros, que vão obrigar a fasear alguns desses investimentos ou retirá-los e substituí-los por outros. A expansão do metro de Lisboa é um dos investimentos que vai ser faseado. Já o metro ligeiro Odivelas-Loures vai ser retirado, depois de o último concurso ter "acabado por não ter aderência, dado que os preços pedidos estavam muito acima do preço de referência".

PUB

Por outro lado, entram, na Mobilidade Sustentável, novos projetos como a digitalização do transporte ferroviário, que consiste em "semáforos, infraestruturas tecnológicas e plataformas digitais para a ferrovia", precisou o secretário de Estado. Esse é um dos investimentos que vai contribuir para garantir o cumprimento da meta de ter 33% do PRR dedicado à transição climática e de 26% à transição digital imposta por Bruxelas.

no que toca à Gestão Hídrica, foram retiradas a dessalinizadora do Algarve, a barragem do Pomarão e a barragem do Pisão. Hélder Reis avançou que a barragem do Pisão chegou a estar "toda faseada" para que pudesse ser financiada, pelo menos, em parte pelo PRR, mas depois de, recentemente, uma das declarações de impacto ambiental tinha sido anulada por um tribunal, o investimento tornou-se inviável no PRR.

PUB

"Não estamos a retirar por uma questão política. Estamos a retirar porque o país não tem capacidade. Há atrasos que é preciso corrigir", referiu. Anteriormente, o secretário de Estado já tinha referido que, a menos de um ano e meio para concluir os investimentos do PRR, o tempo começa a "escassear" para realizar investimentos assentes em "obra muito pesada".

SNS e capitalização de empresas com mais financiamento

PUB

A retirada de financiamento em alguns investimentos significa que há outros que vão ser reforçados, já que a intenção do Governo é executar integralmente os 22,2 mil milhões de euros do PRR. O Governo prevê aumentar a ambição sobretudo em áreas como a Saúde, capitalização das empresas e no REPowerEU, o programa criado para reduzir a dependência de combustíveis fósseis na União Europeia após o início da guerra na Ucrânia.

A Saúde, mais concretamente no Serviço Nacional de Saúde (SNS), é onde se prevê o maior aumento, estando previsto uma subida no financiamento garantido pelo PRR de 334,6 milhões. Hélder Reis explicou que esse aumento deve-se sobretudo ao investimento na compara de equipamentos para as unidades locais de saúde (ULS). "Dois terços [das verbas retiradas da Habitação] são investidas na Saúde", destacou o governante.

PUB

Na componente de capitalização das empresas, o Governo admite um aumento de 434 milhões de euros e alterações no Banco de Fomento. "Houve projetos a concurso que permitem usar 850 milhões [do Banco de Fomento] e os outros 450 milhões serão usados numa outra linha, que é o InvestEU, para serem usados a favor das empresas, garantindo o cumprimento de marcos e metas de uma forma mais rápida e usar o dinheiro por um período que vai além de 2026", afirmou.

PUB

Outra das áreas mais reforçadas é o REPowerEU, com mais 115,5 milhões previstos no plano do Governo para a reprogramação. Em parte este reforço deve-se ao compromisso do Governo em reforçar a aposta em ciência, nomeadamente com soluções inovadoras na área da descarbonização e transição climática.

Ao todo, a reprogramação do PRR que o Governo em que o Governo está a trabalhar prevê a realocação de 1.483 milhões de euros. Desses, 23% vão para a Saúde, 26% para reforçar a capitalização das empresas e 11% para dar mais ambição na área da Ciência.

PUB

Hélder Reis sublinhou que a reprogramação do PRR está "ainda está em conclusão", apesar da intenção do Governo inicial ter sido a de entregar o plano à Comissão Europeia até ao final deste mês. O secretário de Estado comprometeu-se agora em terminar o documento "até domingo", devendo a reprogramação seguir para Bruxelas logo no arranque da próxima semana.

(notícia atualizada pela última vez às 22:14)

PUB
Pub
Pub
Pub