Amorim Partners perde acção judicial contra a Merrill Lynch

A Amorim Partners deu ordem de compra de 150 mil acções da petrolífera italiana Saipem, em Janeiro de 2013. Dois dias depois os títulos afundaram 34%. A Amorim interpôs um processo contra a Merrill Lynch, defendendo que os funcionários poderiam saber o que iria acontecer, mas perdeu o processo. A Amorim Partners não tem relação accionista com o empresário português Américo Amorim.
Bloomberg
Sara Antunes 16 de Janeiro de 2014 às 21:58

No dia 28 de Janeiro de 2013 a Amorim Partners acordou comprar 150 mil acções da Saipem. Dois dias depois a petrolífera italiana afundou 34% em bolsa, após ter revelado estimativas de resultados mais baixas.

 

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A Amorim apresentou uma queixa em tribunal, esta semana, alegando que a Merrill Lynch não revelou os contornos do negócio “altamente invulgar” que envolveu a compra de acções da Saipem à BlackRock. A Amorim alegou, na altura, que seria preciso apurar que informação detinham os funcionários da Merrill Lynch em relação ao alerta sobre resultados feito pela italiana. A Merrill Lynch alegou que o caso da Amorim assentava apenas em “pura especulação”.

 

Depois de conhecido o alerta um funcionário da Amorim, Nathaniel Glas, disse ao banco que não queria efectuar a compra dos títulos, de acordo com os documentos entregues em tribunal. “Alguém na Merrill fez asneira porque não vou acreditar que não sabiam o que se passava”, afirmou então o responsável da Amorim, segundo uma transcrição de um telefonema.

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O processo foi interposto num tribunal londrino tendo esta quinta-feira, 17 de Janeiro, sido conhecida a sentença. O juiz Nicholas Hamblen decidiu a favor do banco, determinando que a Amorim Partners pague as 150 mil acções da Saipem.

 

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O juiz considerou que os funcionários do Merrill Lynch não sabiam que a Saipem ia emitir um alerta sobre os resultados e que uma investigação interna do banco não encontrou qualquer incorrecção, revela a Bloomberg.

 

“Pode-se perceber bem a preocupação da Amorim”, mas o caso “não tem perspectivas reais de sucesso”, diz o juiz na sua decisão, citado pela agência de informação americana.

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Amorim Partners pondera recorrer

 

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A Amorim Partners já reagiu à decisão do tribunal londrino e pondera recorrer. “Não é surpresa que a MLI [Merrill Lynch] procure fechar” o processo da Amorim “antes de que qualquer julgamento possa ocorrer”, afirmou a empresa em comunicado citado pela agência americana.

 

“Vamos considerar recorrer porque deve ser permitido à Amorim defender a sua queixa contra a transacção que está sujeita a uma investigação do regulador”, acrescenta a mesma fonte.

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Américo Amorim garante, em declaração escrita ao Negócios, não ter qualquer ligação accionista com esta Amorim Partners. "Venho informar que não tenho qualquer relação accionista, ou outra, com a sociedade Amorim Partners". A Bloomberg refere-se à Amorim Partners como uma empresa de investimentos portuguesa. Na internet, esta sociedade aparece com sede em Hong Kong. 

 

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Negociação de acções da Saipem investigada

 

Dias antes da Saipem emitir o alerta de resultados foram vendidas quase 10 milhões de acções da petrolífera, o que levou o regulador de mercado italiano a abrir uma investigação.

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No dia 11 de Janeiro deste ano, a BlackRock revelou que um dos seus gestores de fundos, Nigel Bolton, está a ser alvo de um processo civil, interposto pelo regulador italiano que alega que o responsável usou informação privilegiada para evitar perdas, vendendo as acções a Amorim. A BlackRock recusa qualquer infracção.

 

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(Notícia corrigida para retirar a relação accionista de Américo Amorim e a respectiva fotografia)

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