Procuradores de Tancos impedidos de questionar Costa e Marcelo

A história faz esta quinta-feira a capa da Sábado, que revela um polémico despacho escondido fora do processo: pela dignidade das funções exercidas, não deveriam ser inquiridos. Decisão do diretor do DCIAP teve apoio da PGR, escreve a revista.
Negócios 03 de Outubro de 2019 às 09:45

Albano Pinto, diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) impediu os procuradores do Ministério Público encarregues da investigação ao caso de Tancos de inquirirem como testemunhas o Presidente da República e o primeiro-ministro. A decisão teve o aval da Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, segundo escreve esta quinta-feira a revista Sábado.

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"Não vislumbramos, pois, nenhuma razão para que, pelo menos por ora, sua Excelência o Presidente da República seja ouvido e perturbado no exercício das suas Altas funções", lê-se no despacho do diretor do DCIAP a que a Sábado teve acesso. Já a inquirição a António Costa, considerou Albano Pinto, "não só não tem a ver com as finalidades do inquérito, nem tão pouco, e ainda que tivessem, se poderiam considerar como absolutamente necessárias".

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Basicamente, os procuradores pretenderiam questionar Marcelo e Costa sobre se alguma vez tinham sido informados respetivamente pelo então chefe da Casa Militar – João Cordeiro, que entretanto se demitiu – e pelo então ministro da Defesa – Azeredo Lopes, que também abandonou o cargo. Se Azeredo Lopes é um dos acusados no processo, em relação a João Cordeiro o MP terá encontrado indícios que justificaram a extração de certidões para que a investigação prossiga.

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 Segundo a Sábado, o superior hierárquico dos procuradores decidiu também travar 48 questões que estavam preparadas para serem colocadas a generais no âmbito das investigações.

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Num caso como noutro, a decisão de Albano Pinto não teve a concordância dos procuradores que lideravam a investigação, sublinha também a Sábado.

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Defesa não encontra culpados

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Também esta quinta-feira, o jornal Público avança as conclusões do inquérito encomendado à Inspeção-Geral da Defesa Nacional pelo ministro João Gomes Cravinho para apurar a legalidade da atuação da Polícia Militar no caso de Tancos. Segundo o jornal, a Inspeção não conseguiu responsabilizar nenhum militar pelo que se passou. No chamado achamento das armas.

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Em causa, escreve o jornal, não estavam os aspetos criminais da encenação que levaria ao reaparecimento das armas roubadas, mas sim o apuramento  de uma eventual infração das normas de funcionamento internas por parte da PJ Militar.

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Os inspetores admitem que "terão havido desvios ao padrão de atuação",  mas "não foi possível identificar os responsáveis pelas ações e decisões tomadas", concluem.

 

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Azeredo Lopes soube da inteção de devolver armas

Esta quarta-feira, de acordo com a agência Lusa, que consultou o processo, ficou a saber-se que o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes admitiu no interrogatório judicial que teve conhecimento da existência de um informador e que os autores do furto das armas estavam dispostos a entregar o material.

 

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Azeredo Lopes relatou que o seu chefe de gabinete, tenente-general Martins Pereira, lhe disse que havia um informador do Algarve, de nome Fechaduras [Paulo Lemos], que dava informações à Polícia Judiciária (PJ) e à Polícia Judiciária Militar (PJM), e que tinha indicações que os autores do furto estavam dispostos a entregar as armas, mas que teria de ser feito um telefonema simulado da margem sul do Tejo por elementos da PJM a dar conta da localização do material.

 

Admitiu ainda que sabia que este informador não podia ser identificado por ter medo. O ex-ministro disse também que Martins Pereira o informou que o ex-diretor da PJM Luís Vieira tinha consigo documentos com informações, mas que estes tinham de ser destruídos, escreveu a Lusa

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Luis Vieira, acusado neste processo dos crimes de associação criminosa, tráfico de armas, falsificação de documentos, denegação de justiça, prevaricação e favorecimento pessoal, sempre foi um veemente opositor de que o furto das armas fosse investigado pela PJ, tentando por várias vezes e com várias pessoas que o caso ficasse debaixo da alçada da PJM.

 

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Azeredo Lopes negou que tivesse transmitido ao primeiro-ministro a revolta e o inconformismo do diretor da PJM, apenas admitindo que lhe deu a ideia de que havia desagrado por parte da PJM.

 

O ex-ministro esclareceu mesmo que, em questões de Defesa, o seu interlocutor mais frequente era o Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas.

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