Retaliar tarifas? "É um disparate completo porque quem paga somos nós", diz Paulo Portas
Uma escalada da guerra comercial pode retaliar na economia europeia. O alerta é feito por Paulo Portas, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e ex-vice-primeiro-ministro, que defendeu que a União Europeia deve unir-se para dar resposta às mudanças na diplomacia global.
Numa conferência da Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC) na Nova SBE, onde é professor auxiliar convidado, Paulo Portas alertou para as sucessivas crises que se viveram nos últimos cinco anos a nível global. "Não é a primeira crise global, provavelmente não foi a última. Mas as crises globais não são simétricas", afirmou sobre a guerra comercial.
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O antigo governante apontou para as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Comissão Europeia sobre o impacto económico das tarifas. A instituição de Bretton antecipa que os EUA percam um terço do seu crescimento anual. Já Bruxelas reviu em baixa, há menos de duas semanas, o crescimento económico da Zona Euro para este ano, de 1,3% para 0,9%, estimando que o produto interno bruto (PIB) seja afetado pelas tarifas norte-americanas e a incerteza comercial.
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Face a este impacto, o ex-político considera que "o pior momento das tarifas já passou" porque "penso que os EUA já perceberam que as consequências para o Tesouro norte-americano, para o dólar, para a confiança nos EUA e para a atração de capital para os EUA foram demasiado devastadoras e vão ter de recuar".
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Numa exposição sobre a situação geopolítica internacional, Paulo Portas diz ainda é um "erro" pensar que os Estados Unidos, a China e a Europa constituem um bloco económico sem concorrência. Além da ascenção da Índia, "há dois países que compraram bilhete em executiva para o G8 do futuro": a Indonésia, que entrou nos BRICS este ano, e México, a economia mais internacional da América Latina. "Se a Europa se dividir, não há espaço para nenhuma economia europeia no G8 do futuro. Se houver mais um Brexit, 'kaputt'", afirmou.
Sobre a Rússia deixou ainda avisos à proximidade entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o homólogo russo Vladimir Putin. "O facto de haver um privilégio dado pelos Estados Unidos à importância da Rússia, leva a um facto que pode ser uma ameaça direta sobre a Europa. Se porventura Putin prevalecer na Ucrânia, é um problema para nós. Não há nenhuma garantia de que, se Putin prevalecer na Ucrânia, fique na Ucrânia".
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