pixel

Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Notícias em Destaque

Yellen mostra abertura para que banca volte a distribuir dividendos

Powell e Yellen estiveram hoje numa audição no Senado e a secretária do Tesouro dos EUA mostrou-se aberta a que a banca volte a remunerar os seus acionistas.

Reuters
24 de Março de 2021 às 18:26

A secretária norte-americana do Tesouro, Janet Yellen, disse hoje que os bancos norte-americanos parecem estar com saúde suficiente para que lhes seja permitido voltarem a distribuir dividendos e recomprar ações próprias.

As declarações de Yellen foram feitas hoje numa audição no comité da banca do Senado, onde compareceu com o presidente da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell, depois de ontem terem estado ambos perante o comité de serviços financeiros da Câmara dos Representantes – isto no âmbito do Relatório Trimestral da Lei CARES (a Lei de Auxílio ao Coronavírus, Alívio e Segurança Económica [CARES Act]).

Questionada pelo senador Sherrod Brown sobre se se opunha a que a banca pague dividendos e recompre ações próprias, Yellen declarou, citada pela Reuters, que se tinha manifestado anteriormente contra a recompra de ações pelos bancos mas que as instituições financeiras parecem agora mais saudáveis e "deveriam ter alguma capacidade para, cumprindo as normas, voltarem a remunerar os acionistas".

Levantamento de restrições já em abril?

Em junho do ano passado, a Fed anunciou que os maiores bancos que operam nos Estados Unidos tinham passado nos testes de stress levados a cabo pela Reserva Federal – mas os riscos que espreitavam, por força da pandemia, levaram o banco central a impor alguns limites (limitar a distribuição de dividendos e proibir a recompra de ações próprias) até ao final de setembro, altura em que estendeu essas restrições por mais um trimestre.

Uma análise aos efeitos da pandemia de covid-19 na economia e no sistema financeiro pôs a descoberto potenciais riscos que levaram então a Fed a colocar limites à distribuição de dividendos e a proibir a recompra de ações.

No que toca aos dividendos, o que ficou definido foi que os maiores bancos norte-americanos (com mais de 100 mil milhões de dólares de ativos) não poderiam aumentar a remuneração acionista, que passou a estar vinculada a uma fórmula baseada nos lucros mais recentes.

Depois, a 19 de dezembro, já depois de a segunda ronda de testes de stress ter confirmado que os grandes bancos mantinham fortes níveis de capital, a Fed autorizou a retoma das recompras de ações próprias, mas com limites. "No primeiro trimestre de 2021, o pagamento de dividendos e a recompra de ações serão limitados a um valor com base nos lucros do ano anterior. Se um banco não obtiver lucros, não poderá pagar dividendos nem proceder a recompras", referiu então.

Agora, Yellen veio mostrar abertura para que estas restrições sejam revistas.

Powell reitera apoio da Fed à economia

A mensagem de Powell e Yellen de hoje foi muito semelhante à que passaram ontem na Câmara dos Representantes, refere o The Wall Street Journal: a economia está a caminho de uma forte recuperação, mas a revitalização do mercado laboral levará tempo.

Jerome Powell declarou que a Fed "continuará a dar à economia o apoio que esta precisar, durante o tempo que for preciso".

Recorde-se que a Reserva Federal cortou os juros diretores para zero há um ano e espera-se que os mantenha nestes níveis historicamente baixos durante pelo menos o próximo ano. O banco central também lançou vários programas de financiamento para empresas e manteve o seu programa de compra de ativos.

O presidente da Fed disse também que a subida dos juros da dívida soberana de longo prazo reflete o otimismo perante a retoma económica e, uma vez mais, sublinhou que, apesar desse aumento, as "yields" das obrigações do Tesouro não estão em níveis considerados preocupantes.

O aumento dos juros da dívida a 10 anos "tem sido um processo tranquilo", afirmou Jerome Powell, citado pelo WSJ.

Em Wall Street, os principais índices bolsistas seguem em alta. Ontem desceram devido sobretudo aos receios de novos aumentos de impostos – para pagar o avultado investimento de 3 biliões de dólares em infraestruturas que se espera que seja anunciado pelo presidente Joe Biden – a que Yellen aludiu, mas hoje estão a ser sustentados pelo facto de os juros da dívida pública terem aliviado.

Ver comentários
Publicidade
C•Studio