Parlamento português condena decisão de Trump com votos a favor de todos os partidos
O parlamento aprovou hoje, com votos favoráveis de todos os partidos, um voto apresentado por BE, PS e PAN que "condena o reconhecimento de Jerusalém como capital do Estado de Israel pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump".
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O documento foi aprovado por PSD, PS, PCP, BE, PEV, PAN e teve também votos a favor do CDS-PP, incluindo da sua presidente, Assunção Cristas, mas a bancada centrista dividiu-se nesta matéria, com cinco deputados a absterem-se e dois a votarem contra. Também o socialista João Soares se absteve.
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Sobre o mesmo tema, foi igualmente aprovado um voto apresentado por PSD e CDS-PP que exprime "preocupação pela decisão do presidente dos Estados Unidos", com votos favoráveis de todas as bancadas menos PCP e PEV, que se abstiveram, assim como o deputado do PS João Soares.
O PCP apresentou também um voto a condenar a decisão da administração norte-americana, e ainda a expressar "solidariedade com o povo palestiniano" e a defender "o direito do povo palestiniano ao reconhecimento do seu próprio Estado, nas fronteiras anteriores a 1967", que foi rejeitado.
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O voto de condenação dos comunistas obteve votos favoráveis de PCP, BE, PEV e de seis deputados socialistas e a abstenção de PS e PAN, mas acabou chumbado com os votos contra de PSD e CDS-PP e de quatro deputados socialistas.
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No debate que antecedeu estas votações, os deputados Bruno Dias, do PCP, e José Luís Ferreira, do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV), defenderam que é tempo de o Governo reconhecer a Palestina como Estado independente e soberano.
Os deputados do PCP e do PEV recordaram que há mais de dois anos, na anterior legislatura, em Dezembro de 2014, o parlamento aprovou uma resolução nesse sentido, que foi proposta por PSD, PS e CDS-PP e aprovada por estes três partidos, que prevê que esse reconhecimento seja feito em coordenação com a União Europeia.
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Na altura, os partidos mais à esquerda viram rejeitadas propostas que recomendavam o reconhecimento do Estado da Palestina sem articulação com a União Europeia.
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Bruno Dias considerou que "o Governo português está em dívida" nesta matéria, enquanto José Luís Ferreira sustentou que "o Governo português deve com urgência" cumprir a resolução do parlamento, com ou sem articulação com a União Europeia.
Quanto à posição do CDS-PP nestas votações, o seu líder parlamentar, Nuno Magalhães, começou por dizer que os Estados Unidos são "um país amigo" e que o seu partido respeita "o princípio da não-ingerência" na política interna norte-americana.
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Contudo, acrescentou que a decisão norte-americana "não ajuda a paz e promove e alimenta extremismos" e anunciou que o CDS-PP iria votar a favor do voto de PS, BE e PAN, por ter "uma linguagem realmente equilibrada e, mais do que isso, até factual", com liberdade de voto aos seus deputados.
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Em nome do PS, Pedro Delgado Alves rejeitou "uma abordagem maniqueísta" do conflito israelo-palestiniano, mas considerou que este é um caso face ao qual Portugal pode adoptar uma posição consensual: "Hoje, país amigo dos Estados Unidos, não nos devemos inibir de condenar e de dizer muito claramente que esta decisão vem ao arrepio de tudo o que são as boas práticas de direito internacional".
"Nada traz de positivo para a paz, nada traz de positivo para a região, nada traz de positivo para o mundo", reforçou.
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Pelo Bloco de Esquerda (BE), Joana Mortágua afirmou: "Podemos discordar sobre as condições da paz, mas há uma coisa em que não é possível discordar, é que essas condições foram postas em causa, tal como foi dito por António Guterres, quando uma medida unilateral pretende incendiar toda a região".
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"Nunca esta linha vermelha tinha sido ultrapassada, e é por isso que esta decisão norte-americana já foi considerada um ato de vandalismo internacional", acrescentou.
O PSD, através do deputado José Cesário, qualificou a decisão de Donald Trump como "grave, muito preocupante" e referiu que vai "contra todas as recomendações da comunidade internacional".
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O social-democrata apelou ao "diálogo diplomático e democrático" e a uma "forte intervenção da comunidade internacional", defendendo que "este não é o momento para radicalismos".
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