Primeiro-ministro japonês desmente rumores de demissão
O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, negou, esta quarta-feira, a possibilidade de se demitir, contrariando relatos da imprensa japonesa que davam como certa a sua saída, após a dura derrota nas eleições para a Câmara Alta do parlamento japonês. “Nunca fiz tal declaração… Os factos relatados nos media são completamente infundados”, afirmou Ishiba aos jornalistas na sede do Partido Liberal Democrata (LDP).
A reação surgiu depois de vários órgãos de comunicação social noticiarem que Ishiba teria manifestado a intenção de anunciar a sua demissão ainda este mês ou no início de agosto. Segundo essas fontes, o líder japonês consideraria que o recente avanço nas negociações comerciais com os Estados Unidos seria suficiente para justificar a sua saída, depois do revés eleitoral de domingo.
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Esta terça-feira, Ishiba e o presidente norte-americano Donald Trump anunciaram um acordo comercial que reduz para 15% as tarifas sobre automóveis japoneses e impede a aplicação de novos impostos sobre outros produtos. De acordo com fontes próximas, Ishiba terá adiado qualquer decisão sobre a liderança para evitar instabilidade política antes do prazo final de 1 de agosto para fechar o acordo com Washington.
Apesar da negação pública, a pressão interna sobre Ishiba intensifica-se. O primeiro-ministro reuniu-se esta quarta-feira com figuras influentes do partido. Segundo o secretário-geral do LDP, Hiroshi Moriyama, os participantes acordaram a necessidade de enfrentar “com sentido de urgência” o estado atual do partido e evitar divisões internas.
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O LDP perdeu a maioria na câmara alta nas eleições de domingo, o que se soma à derrota na Câmara Baixa em outubro do ano passado. Esta é a primeira vez desde 1955 que o partido governa sem maioria em ambas as câmaras, um cenário que fragiliza ainda mais a liderança de Ishiba. O apoio popular ao seu governo caiu para pouco mais de 20%, segundo sondagens recentes, um patamar historicamente considerado insustentável para qualquer executivo japonês.
A erosão do apoio ao LDP tem sido alimentada pelo crescimento da direita radical, em especial do partido Sanseito, que passou de um único assento para 14 na câmara alta. A formação tem capitalizado com um discurso anti-imigração, promessas de redução fiscal e medidas de alívio financeiro para famílias pressionadas pela inflação.
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Para William Chou, vice-diretor do Japan Chair no Hudson Institute, “estamos a entrar num período de especulação sobre quem será o próximo líder”. Segundo o jornal Sankei, citado pela Bloomberg, Ishiba deverá decidir o seu futuro apenas no final de agosto, depois de cumprir compromissos políticos já agendados. Se sair, o novo líder do LDP será eleito provavelmente em setembro. Contudo, é improvável que convoque eleições gerais de imediato, numa tentativa de reconstruir o capital político do partido antes de se submeter ao voto popular.
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