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China atinge excedente comercial recorde de 858 mil milhões de euros em 2025

Os dados surgem num contexto marcado por prolongado declínio dos preços no setor imobiliário e pelo aumento da insegurança laboral, que continua a limitar o consumo interno.

China atinge excedente comercial recorde de 858 mil milhões de euros em 2025
China atinge excedente comercial recorde de 858 mil milhões de euros em 2025 Jessica Lee / Lusa - EPA
08:34

As exportações da China cresceram 5,9% em novembro, superando previsões e elevando o excedente comercial acumulado em 2025 para mais de um bilião de dólares (858 mil milhões de euros), um recorde anual, refletindo a dependência da procura externa.

Segundo dados oficiais divulgados esta segunda-feira, as importações aumentaram apenas 1,9% no mesmo período, resultando num excedente de 112 mil milhões de dólares (96 mil milhões de euros) no mês. A previsão média dos economistas inquiridos pela agência Bloomberg apontava para um aumento de 4% nas exportações.

Os dados surgem num contexto marcado por prolongado declínio dos preços no setor imobiliário e pelo aumento da insegurança laboral, que continua a limitar o consumo interno. Ainda assim, o aumento das importações supera a taxa de 1% registada em outubro.

O marco histórico do 'superavit' comercial surge também após uma recente atenuação das tensões comerciais com os Estados Unidos, e poderá intensificar os apelos de vários parceiros comerciais para uma maior correção dos desequilíbrios externos da China, nomeadamente a entrada massiva de bens a preços reduzidos, que tem pressionado indústrias locais noutros países.

Entre os pontos do acordo com Washington, os dois países comprometeram-se a reduzir tarifas aplicadas mutuamente, aliviar os controlos à exportação de minerais críticos e tecnologia avançada, e cooperar no combate ao tráfico de fentanil. Pequim comprometeu-se também a aumentar as compras de soja norte-americana.

Ainda assim, segundo o grupo de reflexão Peterson Institute for International Economics, os EUA mantêm tarifas médias de 47,5% sobre bens chineses, enquanto a China aplica tarifas de cerca de 32% sobre produtos dos EUA.

Os dados revelam também a dificuldade de Pequim em reequilibrar a economia, que continua fortemente dependente da procura externa. As exportações líquidas representaram quase um terço do crescimento económico chinês em 2025.

Apesar da guerra comercial lançada no início do ano pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, a segunda maior economia do mundo manteve-se resiliente, redirecionando as suas vendas para mercados alternativos aos Estados Unidos.

A procura externa tem sido o motor mais constante do crescimento da China, compensando o fraco consumo interno e a prolongada crise no setor imobiliário.

O perfil comercial do país tornou-se cada vez mais assimétrico: a procura interna mantém-se anémica, enquanto empresas chinesas altamente competitivas continuam a reduzir a necessidade de importações.

Este excedente recorde deverá ter impacto positivo na aceleração do Produto Interno Bruto (PIB), após vários meses de abrandamento económico. As vendas a retalho estão a sair do ciclo mais prolongado de desaceleração desde 2021 e o investimento registou uma queda histórica.

Ainda que a economia chinesa esteja a crescer a um ritmo mais lento no último trimestre do ano, o desempenho robusto nos meses anteriores torna alcançável a meta oficial de crescimento "em torno dos 5%" definida por Pequim para 2025.

Segundo o banco de investimento Goldman Sachs, o Governo chinês deverá manter essa meta para 2026, a anunciar formalmente na sessão anual da Assembleia Nacional Popular em março, e poderá adotar novas medidas de estímulo no início do próximo ano, incluindo um aumento do défice orçamental alargado em 1 ponto percentual do PIB e cortes adicionais nas taxas de juro.

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