Isabel Schnabel: "Se me pedissem, estaria pronta" para substituir Lagarde
Isabel Schnabel, membro da comissão executiva do Banco Central Europeu (BCE), diz-se "pronta" para suceder à atual presidente Christine Lagarde quando o mandato da francesa terminar, dentro de dois anos. Numa entrevista concedida à Bloomberg, a responsável foi questionada sobre se já era tempo de um alemão liderar a autoridade monetária europeia e se poderia ser a própria, ao que Schnabel disse: "se me pedissem, estaria pronta".
O mandato de Christine Lagarde termina em outubro de 2027 e as discussões sobre quem lhe irá suceder têm vindo a aumentar. A questão também se coloca para o cargo de vice-presidente, uma vez que Luís de Guindos deixará o lugar em maio. Um dos nomes que tem sido falado para o cargo do espanhol é o de Mário Centeno, ex-governador do Banco de Portugal.
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Já para a posição de presidente, entre os candidatos estão o antigo presidente do banco central dos Países Baixos, Klaas Knot, o espanhol Pablo Hernandez de Cos, atual presidente do Banco de Pagamentos Internacionais (BIS, na sigla em inglês) e ainda o alemão Joachim Nagel, presidente do Bundesbank. Nos próximos dois anos, a comissão executiva do BCE verá mudanças significativas. Vão sair quatro dos seis membros.
Este é um processo delicado pela dimensão das mudanças e pela necessidade de manter um equilíbrio entre os Estados-membros de maior e menor dimensão, de regiões geográficas diferentes e posturas distintas (entre os "falcões" e as "pombas"). Além disso, é considerado importante que haja equilíbrio de género. Lagarde e Schnabel são as duas únicas mulheres no banco central, o que poderá jogar a favor da alemã.
A maior economia da Zona Euro teve sempre um membro neste organismo do BCE desde a sua criação, em 1998, mas nunca teve a presidência. Entre as maiores economias do bloco, França já liderou o banco central duas vezes e Itália e os Países Baixos ambos uma vez. Atualmente, os responsáveis alemães têm a presidência da Comissão Europeia e do conselho de supervisão do BCE.
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Apesar de os analistas ouvidos pela Bloomberg considerarem plausível Schnabel ascender ao cargo cimeiro do BCE, as suas visões mais "hawkish", - ou seja, que defendem numa política monetária de maior controlo e restrição, habitualmente marcada pela subida das taxas de juro -, poderá ser mal vista por outros Estados. A responsável pelas operações de mercado do banco central é mesmo considerada o membro mais "falcão" depois da saída do austríaco Robert Holzmann.
Por outro lado, Joachim Nagel, também alemão, já revelou, numa entrevista à revista Der Spiegel, que seria capaz de substituir Lagarde. A suas visões de política monetária são vistas como mais consensuais do que as de Isabel Schnabel.
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Conhecida como o elemento mais "hawkish" da comissão executiva do BCE, Isabel Schnabel, diz estar "confortável" com as expectativas do mercado de que a próxima decisão de mexer nos juros diretores seja para os aumentar.
Embora as taxas de juro estejam em níveis considerados confortáveis, como já disse a presidente Christine Lagarde, e alinhou Schnabel em entrevista à Bloomberg, o consumo privado, o investimento por parte das empresas e um aumento das despesas dos governos com defesa e infraestrutura são fatores que podem levar a economia e a inflação a acelerar.
"Tanto os mercados, como os participantes nos inquéritos esperam que a próxima mexida nas taxas seja um aumento, embora não num futuro próximo", disse, acrescentando que se sente "bastante confortável com essas expectativas". A economista antecipa ainda, na reunião de dezembro, uma revisão em alta das perspetivas de crescimento económico para os próximos anos.
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Os últimos dados económicos publicados pelo BCE antecipavam que o crescimento económico iria desacelerar para 1% em 2026 e aumentar no ano seguinte, mas a responsável alemã indica que o "outlook" melhorou.
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