Fed dividida sobre impacto das tarifas na inflação

As atas da mais recente reunião do banco central norte-americano mostram que a incerteza sobre a política comercial da Administração Trump está a tornar mais difícil a definição do rumo das taxas de juro.
Jerome Powell, Fed
Manuel Balce Ceneta / AP
Pedro Barros Costa 09 de Julho de 2025 às 19:45

Os responsáveis da Reserva Federal (Fed) estão divididos sobre o impacto que as tarifas da Administração Trump poderá ter na inflação, com consequências na definição do rumo das taxas de juro, mostram as atas da mais recente reunião do banco central divulgadas esta quarta-feira.

“Enquanto alguns participantes notaram que as tarifas levarão a um aumento extraordinário dos preços e não vão afetar as expectativas de inflação de longo prazo, a maioria notou o risco de que as tarifas poderão ter um efeito mais persistente na inflação”, referem as atas da reunião do Comité de Operações em Mercado Aberto (FOMC) da Fed.      

PUB

No “dot plot”, o gráfico em que os responsáveis antecipam a evolução das taxas de juro, 10 dos 19 responsáveis esperam dois cortes até ao final do ano, enquanto sete não projetam qualquer corte e outros dois antecipam um corte. Contudo, o panorama está a ser ensombrado pela incerteza em torno das tarifas de Trump, que ainda está em processo negocial com várias grandes economias.     

Os responsáveis apontam precisamente para a “incerteza considerável” acerca do momento, duração e dimensão das tarifas e o seu potencial impacto na inflação, revelam as atas. O impacto inflacionista antecipado pelos responsáveis também varia em função de como as tarifas vão refletir-se na economia, resultando em várias perspetivas para a evolução dos preços. 

Na última reunião, os responsáveis da Fed decidiram manter as taxas de juro pela quarta vez consecutiva num intervalo entre 4,25% e 4,5%, apesar das pressões de Donald Trump para que Jerome Powell, o presidente da Fed, corte as taxas rapidamente. Os responsáveis também manifestaram algum pessimismo económico, revendo em alta as projeções de inflação e em baixa as previsões de crescimento.

PUB

*Com Bloomberg

Pub
Pub
Pub