Última reunião de Draghi marcada por um "apelo à união" no Conselho do BCE

As atas da última reunião do ex-presidente do BCE, Mario Draghi, mostram que houve uma novidade: um "apelo à união" dentro do Conselho do BCE.
Reuters
Tiago Varzim 21 de Novembro de 2019 às 13:23

A última reunião de Mario Draghi não trouxe novidades de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). Mas acabou por haver mesmo uma novidade, mostram as atas publicadas esta quinta-feira, 21 de novembro. Após as fortes críticas públicas que se seguiram ao pacote de estímulos decidido em setembro, houve um "apelo à união" dentro do Conselho do BCE.

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"Olhando para o futuro, foi feito um forte apelo à união do Conselho do BCE", lê-se nas atas da reunião de 23 e 24 de outubro, a última de Draghi enquanto presidente do BCE, depois de oito anos de mandato. Como é habitual, as atas não referem quem disse ou defende o quê. 

Esta é uma expressão nova nas atas do banco central e segue-se a um período em que a divergência dentro do Conselho do BCE foi um dos temas que mais atenção captou. Em causa está a polémica em alguns países causada pelo pacote de estímulos decidido em setembro, o qual envolveu um regresso do quantitative easing (ainda que com compras mensais de ativos num volume inferior) e uma descida da taxa de depósitos acompanhada por um sistema de escalonamento (tiering).

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Logo a seguir a essa reunião, o governador do Banco da Holanda, Klaas Knot, divulgou um comunicado onde criticava a decisão do BCE, algo pouco comum (ou até inédito). Em entrevistas posteriores, os governadores de França ou de Alemanha também estiveram ao ataque. A imprensa alemã chegou mesmo a comparar Draghi ao Conde Drácula, argumentando que o BCE estaria a "sugar" as poupanças dos cidadãos. 

Certo é que a divergência foi pública e tornou-se o principal tema de discussão à volta do BCE, tendo sido escrito que este grau de divisão entre os membros do Conselho do BCE não tinha precedentes. Para contrariar essa ideia, na última reunião de Draghi, a maioria dos governadores parece ter concordado que será melhor mostrar união perante os agentes económicos, nomeadamente os mercados financeiros. 

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"Ainda que tenha sido sublinhado que é absolutamente necessário e legítimo que haja discussões abertas e francas no Conselho do BCE, foi considerado importante formar um consenso e união que suporte o compromisso do Conselho do BCE de atingir o seu objetivo de inflação", lê-se ainda nas atas.

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I was pleased to invite my new Governing Council colleagues to join me at an off-site retreat yesterday. We discussed in an open and informal setting the running of the Governing Council. pic.twitter.com/ifMxiNh7uh

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