Óscar Afonso: Álvaro Santos Pereira terá "maior liberdade para reformas" no BdP
O diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto elogia o novo governador do banco central, que diz ter "liberdade e legitimidade" para reformar a instituição.
"Independência" foi a palavra de ordem na audição, na quarta-feira, de Álvaro Santos Pereira. Em quase duas horas de audição parlamentar, o novo governador do Banco de Portugal (BdP) usou-a mais de 20 vezes. É também uma característica que Óscar Afonso, diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, sublinha, apontando para o facto de vir de fora do setor da banca e do próprio BdP.
"Vir de fora da banca e sem carreira no Banco de Portugal confere-lhe maior liberdade e legitimidade para promover reformas internas na instituição caso elas se revelem necessárias. Não é alguém que está lá dentro e, portanto, não tem interesses instalados", disse, em entrevista ao programa do Negócios no canal NOW.
Considerando "essencial que a política monetária esteja desligada da política orçamental e, portanto, da ação do Governo", Óscar Afonso reconhece que Santos Pereira, ao enfatizar a sua independência, deixou críticas veladas a Mário Centeno. "Quando referiu que os colaboradores do Banco de Portugal nem sequer devem estar em política ativa e, portanto, devem abster-se de exercer política, isso também acho que era uma indireta para o anterior governador do Banco de Portugal e por conta de outros colaboradores", afirmou.
No que toca ao posicionamento em política monetária europeia, Álvaro Santos Pereira garantiu não ser "pomba, de certeza absoluta" - ou seja, que não é adepto de uma política menos restritiva. A declaração marca um corte com Mário Centeno, que várias vezes defendeu cortes de juros.
Óscar Afonso entende que é uma postura adequada, já que "as taxas de juro estão estáveis, estão baixas, a inflação está controlada". "Nesta altura ser pomba não faz sentido nenhum. Faz sentido é ser algo moderado, entre as duas situações, pomba e falcão", frisa.
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