Di Maio deverá demitir-se. Coligação em risco afeta juros italianos
Luigi Di Maio, líder do Movimento 5 Estrelas (anti-establishment), deverá demitir-se da liderança do partido, mas quer continuar como ministro dos Negócios Estrangeiros, avançam vários jornais italianos esta quarta-feira, 22 de janeiro.
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Tem sido o fundador do partido, Beppe Grillo, a pressionar Di Maio a sair. Grillo terá dito ao líder do 5 Estrelas para parar de entrar em conflito com o Partido Democrático (centro-esquerda), o parceiro de coligação governativa, dado que a prioridade era manter a coesão da coligação e a estabilidade política, de acordo com a Bloomberg, que cita fontes do partido.
As fricções não são só entre Grillo e Di Maio, prolongando-se a outros membros do partido que acusam o ministro de não partilhar o poder. Desde que o 5 Estrelas assinou a coligação com o PD, mais de 20 deputados abandonaram o partido ou foram expulsos, três senadores (da câmara alta do Parlamento) mudaram para a Liga em dezembro - o que corroeu a maioria do Governo no Senado - e o ministro da Educação demitiu-se, abandonando o partido.
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Às 10h, Di Maio tem uma reunião com a direção do partido para discutir a sua demissão, segundo o Corriere della Sera. O anúncio da demissão enquanto líder do partido poderá acontecer esta tarde dado que está agendado para as 17:00 um evento sobre mudanças na organização do Movimento 5 Estrelas, de acordo com o La Repubblica. O Politico avança que Vito Crimi deverá substituir temporariamente Di Maio na liderança do partido até ao congresso de março.
A notícia da demissão já está a ter impacto nos mercados, apesar de não se antecipar a queda do Governo no imediato. O índice bolsista italiano está em queda, contrariando a tendência ligeiramente positiva das bolsas europeias. O setor da banca está a sofrer perdas em linha com as obrigações soberanas no mercado secundário, e consequente agravamento dos juros. A yield a dez anos já esteve a subir mais de oito pontos base, negociando agora com um agravamento de 5,3 pontos base para os 1,422%.
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A ida às urnas poderá estender a passadeira à extrema-direita dado que a Liga - cujo tom face à União Europeia tem sido de confronto - está bem colocada nas sondagens. Salvini tem cerca de 31% das intenções de voto enquanto o Partido Democrático tem 19% e o 5 Estrelas 16%, metade dos 33% com que venceu as eleições em 2018.
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