Esquerda vota contra moção de censura, mas dá puxão de orelhas ao Governo
Foi uma chuva de críticas a que desabou sobre o Governo esta terça-feira, 24 de Outubro, no debate da moção de censura apresentada pelo CDS-PP na sequência da actuação do Executivo face aos incêndios que assolaram o país. A votação, como já se esperava, terminou com um chumbo da moção, mas António Costa teve de enfrentar não só as já esperadas críticas da direita, como também os avisos da esquerda de que ao votarem contra não lhe estavam propriamente a estender um tapete vermelho.
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Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, lançou o mote. O seu partido, disse, "demarca-se em absoluto desta moção de censura", mas "há perguntas a fazer. O que é que aconteceu, como pôde o Governo estar tão impreparado este ano", ou "como foi possível que apesar dos avisos do IPMA com 72 horas de antecedência nada tenha sido feito". Em suma, "como poderemos saber que tudo vai mudar?" perguntou a deputada.
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Pouco depois, João Oliveira, do PCP, seguiria um caminho idêntico. Criticou o "aproveitamento inqualificável da tragédia dos incêndios" por parte do CDS ao apresentar a moção de censura quando o país estava ainda de luto, mas lembrou que o voto contra a moção centrista não significa que os comunistas estejam de acordo com todas as medidas que o Executivo venha a implementar nesta área. A "rejeição" da moção de censura "não pode ser considerada como motivo de confiança nas opções e decisões tomadas quanto à prevenção e combate aos fogos florestais", sublinhou o líder parlamentar comunista. "É evidente que a opções e decisões do actual Governo têm de ser questionadas e criticadas na medida em que não inverteram opções anteriores", sublinhou.
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Coordenadora do Bloco de Esquerda
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André Silva, do PAN, anunciou que o seu partido também votaria contra a moção, mas também questionou as medidas apresentadas pelo Governo para dar resposta ao problema dos fogos florestais e justificou-se: "Aprovar esta moção de censura significa levar o país a eleições antecipadas para escolher outro Governo" e "o pior que poderia acontecer ao país seria uma nova maioria PS ou PSD".
Que confiança tem Costa por parte do Parlamento?
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A moção de censura chumbou, mas teria o Governo o apoio da esquerda se avançasse com uma moção de confiança, desafiou o PDS? "O país sabe hoje que tem um primeiro-ministro excelente a dar boas noticias, mas nas horas difíceis, em que os portugueses precisam de um chefe de Governo, está ausente. Não trouxe uma moção de confiança porque sabe que não tem a confiança deste Parlamento", afirmou Hugo Soares . antes acusara o Governo de "soberba, incompetência e insensibilidade".
A direita alinhada num debate em que Assunção Cristas abrira as hostilidades . "Quando o país precisava de um estadista constatou que tinha apenas um político habilidoso" que, a seguir à tragédia de Pedrogão, "ignorou o curto prazo como se pudéssemos esperar pelo fim do Verão".
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Costa assumiu culpas, mais uma vez, voltou a enumerar exaustivamente as medidas aprovadas no Conselho de Ministros extraordinário do último sábado, e caberia a Carlos César, líder da bancada socialista, responder às afirmações de que o PS não teria a confiança do Parlamento. " Teremos em breve a votação do Orçamento do Estado e nessa altura ver-se-á quem tem a confiança de quem e quem é o Governo legitimo de Portugal", rematou.
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