Marcelo: "A política clássica, longe das pessoas e sem inovação, está condenada"
Marcelo Rebelo de Sousa deixou esta mensagem numa intervenção na conferência "Novas Perspectivas para a Inovação Social", que decorre hoje e terça-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, co organizada por aquela instituição, pela Comissão Europeia e pelo Governo português.
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O chefe de Estado começou por falar da situação europeia, considerando que a Europa se encontra "numa encruzilhada", com "sistemas políticos em crise" de forma generalizada e tem de apostar na inovação se quer "liderar o futuro" em termos globais.
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Segundo o Presidente da República, no actual quadro europeu, "Portugal é um raro exemplo de estabilidade no sistema político" e o que predomina são casos de "fragilidade dos sistemas políticos, porque não souberam inovar".
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Neste contexto, afirmou: "A inovação social tem de chegar à política. Não é possível que haja jovens a inovar na Educação, na Ciência, na Saúde, nas instituições sociais e os sistemas políticos continuem obsoletos, ultrapassados, incapazes de inovação".
No seu entender, "os partidos, os sindicatos, o patronato, estruturas administrativas não são capazes, não só de inovar, como até de se ajustar à inovação da sociedade, e isso frustra os inovadores". "E esse é um grande desafio. Esse é um apelo que faço a mim mesmo, todos os dias, mas que devemos fazer a todos os que têm responsabilidades políticas: mais inovação", acrescentou.
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Mais à frente, a propósito da sua experiência quando era jovem e acompanhou o actual secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, em "grupos de inovação social nas áreas pobres", o chefe de Estado defendeu que "a política clássica, longe das pessoas, ignorando a sociedade, sem inovação, está condenada".
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"O que mais realiza uma pessoa na vida é ser feliz tornando os outros felizes. É realizar-se através dos outros e pelos outros. E essa é a grande lição da inovação social", prosseguiu, recebendo palmas.
Dirigindo-se aos "mais distraídos", Marcelo Rebelo de Sousa afirmou ainda que "as pessoas, os seus problemas concretos" são "muitíssimo mais importantes" do que a Economia, as Finanças, o Direito ou a Política, são o que justifica tudo isso. "Se falharmos na inovação social, falhámos no essencial, mas não vamos falhar, vamos vencer esta batalha", concluiu.
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Na parte inicial do seu discurso, o Presidente da República disse acompanhar "o entusiasmo do Governo" com a inovação em domínios como a Educação, a Saúde ou a Solidariedade Social e felicitou-o e agradeceu-lhe pela sua acção nesta matéria, mas considerou que esta já era uma aposta do anterior executivo PSD/CDS-PP.
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"Passou de Governo para Governo e é um bom exemplo, porque é uma questão de regime, é uma escolha nacional", declarou, agradecendo também à Comissão Europeia, e em especial ao comissário Carlos Moedas, pela prioridade dada à chamada inovação social.
O Presidente da República sustentou, contudo, que "a cultura cívica dominante ainda é a cultura da inércia, do atraso, do adiamento, do ajustamento difícil, a cultura anti-reformista", apesar de Portugal estar "nos 'rankings' da inovação, subindo todos os dias". "Não podemos parar. Temos de ir mais depressa", pediu.
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