Ministro Cabrita de novo sob pressão após atropelamento mortal na A6
Depois da morte do ucraniano Ihor Homeniuk nas instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, no aeroporto de Lisboa, da polémica das golas antifumo que afinal eram inflamáveis, da atuação das autoridades na crise sanitária em Odemira ou dos festejos do Sporting campeão, o ministro da Administração Interna volta a estar sob intensa pressão política.
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Em causa está agora o episódio do atropelamento mortal de um trabalhador, que prestava serviços de manutenção da via, ao quilómetro 77 da A6, na direção Évora-Lisboa. Isto porque o carro - que a 18 de junho transportava o motorista, o governante e um assessor - circulava em excesso de velocidade, a cerca de 200 km/h, segundo a estimativa feita a partir das câmaras instaladas na auto-estrada.
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Como sublinha o Público esta sexta-feira, 2 de julho, o governante tem de encontrar uma justificação plausível para demonstrar o "serviço urgente de interesse público" que cumpria naquele dia. "Os condutores de veículos que transitem em missão (…) de serviço urgente de interesse público, assinalando adequadamente a sua marcha, podem, quando a sua missão o exigir, deixar de observar as regras e os sinais de trânsito, mas devem respeitar as ordens dos agentes reguladores do trânsito", estabelece o Código da Estrada.
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Apesar de o trabalhador em causa, Nuno Santos, ter tido morte imediata, foi precisa quase uma hora para um médico especialista em emergência médica chegar perto da vítima, já que o INEM saiu em sentido contrário na A6 e os bombeiros receberam três moradas diferentes. O Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora já abriu um inquérito ao caso, mas tem agora oito meses para terminar a investigação, lembra o Expresso.
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Desmentido da Brisa e carro apreendido
O advogado da família da vítima, José Joaquim Barros, já veio estranhar não haver sinais de travagem numa zona de "grande visibilidade". E, secundando o desmentido da Brisa ao gabinete de Cabrita, que invocara a falta de sinalização no local, o advogado insiste que as obras de manutenção "estavam devidamente sinalizadas e o trabalhador ia também devidamente equipado, com calças e colete refletores".
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O Observador adianta ainda que o carro onde seguia o ministro tem seguro válido até 2022 e relata que esta quinta-feira, 1 de julho, a GNR voltou a chamar, pelo menos, um dos três outros trabalhadores que estavam na A6 e que tinham prestado declarações logo após o acidente.
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Esta semana, com o próprio Eduardo Cabrita ao lado, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que "o essencial é [apurar-se] a matéria de facto" sobre este episódio. À direita, PSD e CDS têm insistido no pedido de esclarecimentos à tutela sobre este episódio.
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O carro que transportava o Ministro da Administração Interna - responsável governamental pela segurança rodoviária - e que provocou um atropelamento mortal, não está registado na Conservatória. O BMW com a matrícula 28-VG-24 não consta dos registos. Aguarda-se uma explicação.
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Depois de Rui Rio ter vindo questionar no Twitter o facto de não haver registo do automóvel envolvido no acidente, o Ministério esclareceu, em resposta à Lusa, que está "na situação jurídica de apreendido e não foi declarado perdido a favor do Estado". "Para poder circular na via pública, a Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública emitiu uma guia para que o veículo possa circular válida até 13 de maio de 2023", acrescentou.
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