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Operação Marquês: Sócrates acusa MP de basear alegada corrupção no TGV em "posição política"

"O Ministério Público quer sustentar uma acusação criminal baseando tudo numa posição política - o Ministério Público entende que o TGV não devia ser feito", afirmou o ex-primeiro-ministro durante a sétima sessão do julgamento, em Lisboa.

José Sócrates nega jantar com Ricardo Salgado, apesar de escutas revelarem convite
José Sócrates nega jantar com Ricardo Salgado, apesar de escutas revelarem convite José Sena Goulão/Lusa
03 de Setembro de 2025 às 17:29

O antigo primeiro-ministro José Sócrates acusou esta quarta-feira o Ministério Público (MP), em tribunal, de querer sustentar a acusação de que, há cerca de 15 anos, existiu corrupção no concurso do TGV numa "posição política" contra o projeto.

"O Ministério Público quer sustentar uma acusação criminal baseando tudo numa posição política - o Ministério Público entende que o TGV não devia ser feito", afirmou José Sócrates durante a sétima sessão do julgamento, em Lisboa.

A acusação surgiu numa altura em que o MP pedia ao antigo primeiro-ministro (2005-2011) esclarecimentos a partir de um relatório do Tribunal de Contas datado de 2014 que, segundo o procurador Rómulo Mateus, refere a inviabilidade financeira da construção da linha de alta velocidade.

Em causa está sobretudo o facto de o projeto adjudicado em 2010 e depois chumbado pelo Tribunal de Contas prever a ligação entre Caia, na fronteira com Espanha, e Poceirão, no distrito de Setúbal, e não a Lisboa.

Defendendo que a ligação entre Poceirão e Lisboa foi, devido à conjuntura económica de então, adiada "um, dois anos" pelo seu Governo e não cancelada, José Sócrates reconheceu que o projeto "só tem viabilidade" se conectar Lisboa a Madrid, a capital espanhola.

"Esse é o plano, isso é que tem toda a racionalidade. Não se pode fazer uma linha de alta velocidade só Caia-Poceirão, mas isso é matéria que deve ser discutida no parlamento, não aqui no tribunal", afirmou o ex-governante socialista.

José Sócrates disse ainda esperar "sinceramente que o atual Governo" de Luís Montenegro (PSD), que recuperou o projeto, "não cometa o erro de seguir" o argumento do Tribunal de Contas de que o TGV é "uma aventura".

O concurso do TGV é uma dos dossiês em que José Sócrates está acusado de ter beneficiado o grupo Lena a troco de vantagens financeiras.

Um dos outros é o projeto de construção, a partir de 2008, de habitação social na Venezuela, pelo qual o grupo terá tido dificuldade em ser pago pelo trabalho no país sul-americano, já depois de José Sócrates ter deixado de exercer funções governativas.

Hoje, José Sócrates admitiu que chegou a tentar falar, sem sucesso, com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em 2013 ou 2014, para agilizar os pagamentos.

O antigo primeiro-ministro, de 67 anos, está pronunciado (acusado após instrução) de 22 crimes, incluindo três de corrupção por ter beneficiado em dossiês distintos, além do grupo Lena, o Grupo Espírito Santo (GES) e o empreendimento Vale do Lobo, no Algarve.

No total, o processo conta com 21 arguidos, que têm, em geral, negado a prática dos 117 crimes económico-financeiros que globalmente lhes são imputados.

O julgamento decorre desde 03 de julho, no Tribunal Central Criminal de Lisboa.

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