China acusa EUA de "criar e espalhar o pânico" sobre o coronavírus

As autoridades de Pequim lamentam as reações exageradas dos países desenvolvidos, "contrárias às recomendações da OMS". Com 361 mortes confirmadas e as bolsas em queda, o banco central estima que o impacto na economia vai ser "limitado e temporário".
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EPA
António Larguesa 03 de Fevereiro de 2020 às 09:40

O governo chinês lamenta as iniciativas tomadas pelos Estados Unidos relativamente ao coronavírus, como a sugestão de retirada parcial dos funcionários da embaixada ou a proibição de entrada de viajantes chineses, que "apenas criam e espalham o pânico, sendo um mau exemplo".

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"Foram precisamente os países desenvolvidos, como os EUA, com fortes recursos e condições para prevenir epidemias, que tomaram a dianteira na imposição de restrições excessivas, contrárias às recomendações da Organização Mundial de Saúde" (OMS), referiu Hua Chunying, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

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Na quinta-feira, 30 de janeiro, depois de ter declarado a situação de emergência de saúde pública internacional devido ao coronavírus, o diretor-geral da OMS. Tedros Ghebreyesus, fez questão de sublinhar que essa tomada de posição "não é um voto de não-confiança na China". "Pelo contrário, a OMS continua a ter confiança na capacidade da China para controlar o surto", acrescentou.

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Apesar de a representante do governo de Pequim, citada pela Reuters, ter sublinhado novamente que as respostas a esta crise devem ser "razoáveis, calmas e baseadas na ciência", vários países avançaram nas últimas horas com medidas restritivas, como foi o caso do governo checo, que a partir de 9 de fevereiro vai proibir voos diretos para a China, onde o número de vítimas já subiu para 361.

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Os cidadãos portugueses que foram repatriados da China aterraram este domingo na Base Aérea de Figo Maduro e, apesar de não serem obrigados a ficar em quarentena, todos aceitaram fazê-lo de forma voluntária. A ministra da Saúde, Marta Temido, informou que vão agora ficar 14 dias em isolamento, sem receber visitas.

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Medo na Rússia e nos mercados financeiros

 

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A vizinha Rússia, com uma fronteira partilhada de 4.300 quilómetros, já suspendeu os voos e os comboios de passageiros diretos para o país asiático e vai começar esta semana a retirada dos seus cidadãos das zonas de Wuhan e Hubei. E segundo a agência de notícias Interfax, o primeiro-ministro, Mikhail Mishustin, admitiu esta manhã a possibilidade de deportar os estrangeiros infetados com o coronavírus.

 

Esta segunda-feira, 3 de fevereiro, as principais bolsas chinesas (Xangai e Shenzhen) voltaram a negociar depois da pausa dos feriados de Ano Novo Lunar e afundaram perto de 8%, naquela que foi a pior queda desde 2015, obrigando o banco central a injetar liquidez no sistema e a reclamar de fatores irracionais, como a "venda em pânico desencadeada por um efeito de rebanho".

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Num comentário divulgado pelo "Financial News", um jornal controlado pelo banco central, pode ler-se que o impacto desta epidemia na economia chinesa vai ser "limitado e temporário", que os mercados financeiros locais vão retomar a normalidade e que o surto "não vai mudar os sólidos fundamentos económicos de longo prazo" do gigante asiático.

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