Governo assume que terá de reduzir pesca de sardinha
O Governo já se resignou à necessidade de reduzir os níveis de captura de sardinha em resultado da escassez desta espécie no mar. Em comunicado divulgado pouco depois de ser conhecido o parecer científico que serve de base à definição do plano de gestão da sardinha, o Ministério do Mar admite que "o estado geral do recurso [stock de sardinha no mar] não permite aligeirar as medidas de gestão nem manter o actual nível de capturas".
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O Governo irá agora reunir "de imediato" com Espanha, e depois com a Comissão Europeia, para chegar a uma "concertação sobre as novas medidas de gestão a adoptar". O objectivo é implementar "um plano de co-gestão da pesca de sardinha que, com o ajustamento das possibilidade de pesca à situação do recurso, permita garantir a actividade e o rendimento dos pescadores e prosseguir a recuperação" da sardinha no mar.
Isto significa que o Governo vai resistir à suspensão total da pesca, procurando uma via intermédia face ao que é preconizado pelos cientistas. Além da recomendação central, o ICES – organismo científico que aconselha a Comissão Europeia sobre estas matérias –estima o impacto de outros cenários. Todos eles são mais prejudiciais para a sustentabilidade da sardinha, mas em alguns casos o impacto é pouco significativo, podendo ser visto pelo governo como um mal menor e o preço a pagar para satisfazer as reivindicações dos pescadores e armadores.
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Quando se conheceu o anterior parecer do ICES, que considerou o plano de gestão de Portugal como não precaucionário (ou seja, incapaz de garantir a sustentabilidade da espécie) e sugeriu a suspensão total da pesca por um período de 15 anos, o Governo procurou desdramatizar o problema. A ministra do Mar afastou prontamente o cenário mais negro dizendo que "nunca será de parar a pesca e, muito menos, por um período de 15 anos, isso seria impensável".
Para o Governo, a falta de sardinha é responsabilidade das alterações cimáticas e não da pesca que é efectuada. "As alterações climáticas têm provocado alterações nos fluxos migratórios de várias espécies e aquelas que havia maioritariamente nos países do sul estão também a aparecer nos países do norte, à procura de águas com temperaturas mais frias que costumavam existir na nossa costa", defendeu na altura.
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