Incêndio dita o adeus a vinho centenário de Márcio Lopes
O trabalho de recuperação da vinha em Mêda já está em curso, mas o incêndio determinou o fim inesperado do Permitido Branco de Centenária, criado a partir de 15 castas de vinhas plantadas a 800 metros de altitude, em solo puramente granítico, no final do século XIX.
Nascido no Porto em 1983, licenciou-se em Engenharia Agronómica na Universidade do Porto e andou a fazer vindimas na Austrália, tendo em 2010 regressado a Portugal e criado o projeto Márcio Lopes Winemaker com a missão de “fazer vinhos especiais que façam sobressair o melhor que a natureza tem para dar”.
O produtor detém atualmente a Adega Pequenos Rebentos em Melgaço (na região dos Vinhos Verdes), a Quinta do Pombal em Vila Nova de Foz Côa e a Quinta do Malhô em São João da Pesqueira (ambas na região do Douro), exportando vinhos para mais de duas dezenas de países.
O CEO e enólogo do grupo trabalha igualmente com as uvas de viticultores selecionados, “focando-se em preservar vinhas velhas com respeito pelos sistemas antigos de vinha e maioritariamente sem o uso de herbicidas e pesticidas”, sendo que, “na adega, recorre normalmente a leveduras indígenas e usa baixos aditivos de sulfuroso”.
Márcio Lopes foi distinguido como Enólogo Revelação do Ano 2019 pela Revista de Vinhos – A Essência do Vinho, recebendo o Prémio de Singularidade 2019 da Revista Grandes Escolhas e o prémio Tradição e Identidade de 2022 da revista Paixão pelo Vinho.
Distinção internacional: o Proibido Grande Reserva 2017 surgiu no Top 100 Wine Discoveries 2020 da Wine Advocate, de Robert Parker.
Entretanto, este verão trouxe uma notícia triste para o grupo Márcio Lopes Winemaker: O fim inesperado do Permitido Branco de Centenária, um dos mais icónicos vinhos do portefólio do produtor.
“Um dos anos mais devastadores em termos de incêndios florestais em Portugal ditou o adeus forçado à vinha centenária localizada em Mêda, no Douro Superior, que dava origem a este Branco de Altitude de identidade única. Apesar dos esforços imediatos, a perda é irreversível”, anunciou o grupo, em comunicado enviado às redações.
“O trabalho de recuperação da vinha já está em curso, no rescaldo dos incêndios de agosto, mas fica para a história a singularidade do Permitido Branco de Centenária, criado a partir de 15 castas de vinhas plantadas a 800 metros de altitude, em solo puramente granítico, no final do século XIX”, realça o grupo de Márcio Lopes.
A colheita de 2022 já está a chegar ao mercado, antecedendo as derradeiras colheitas - de 2023 e 2024 -, “todas em número muito limitado de garrafas, permitindo aos apreciadores guardar as últimas memórias deste vinho excecional”, enfatiza.
“É uma notícia muito triste. O Permitido Branco de Centenária foi um vinho extraordinariamente bem recebido pela crítica”, afirma Márcio Lopes.
“Apesar da perda, compensámos o viticultor face à longa ligação que mantém com o nosso projeto, respeitando o nosso compromisso de ‘fairtrade’. Já estamos a trabalhar na recuperação, permanecendo vivas as memórias deste vinho e, com elas, a certeza de que iremos escrever novas histórias”, promete.
Mais lidas