Carta do dono da Prozis aos portugueses (com vídeo): “Isto atraiu os zombies. Merecia um prémio de marketing”
"It seems that unborn babies got their rights back in USA! Nature is healing!", ou seja, "Parece que os bebés por nascer recuperaram os seus direitos nos EUA! A natureza está a curar-se!"
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O "post" que o fundador da Prozis escreveu no LinkedIn, no passado domingo, congratulando-se com a decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos que acabou com a garantia de direito ao aborto naquele país, gerou uma onda de polémica que evoluiu para uma cultura de cancelamento à empresa.
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Uma polémica que Miguel Milhão exacerbou, na terça-feira seguinte, em "Conversas do Karalho", nome do "podcast" interno da empresa que foi, excecionalmente, aberto ao público, num "live" que chegou a ter mais de duas mil pessoas a assistir.
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Acionista maioritário da Prozis, que tem 10 fábricas em Portugal e emprega mais de mil pessoas, Milhão concedeu ao Negocios a sua primeira entrevista à comunicação social, que será integralmente publicada na nossa edição da próxima segunda-feira, 4 de julho.
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Esta sexta-feira, a meio da entrevista, o empresário pediu ao Negócios para fazer uma declaração em que relata a forma como provocou, assistiu e viveu toda a polémica.
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Miguel Milhão:
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"Tudo começou no domingo, 26 de Junho.
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Vários usuários do LinkedIn manifestavam a sua opinião a favor do aborto nesta rede. Uma energia nasceu dentro de mim que me fez manifestar a minha opinião também. No meu caso, a favor da vida.
No dia seguinte, o impacto do ‘post’ tinha tomado proporções que nunca acharia possível acontecer.
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A ‘mob’ atacava tudo - Miguel, Prozis, parceiros, funcionários, etc… Queriam destruir tudo por causa da minha opinião.
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Então, comecei a fazer aquilo em que sou melhor: Pensar.
Como poderia transformar uma situação terrível numa situação benéfica para mim, para a Prozis e para todos os portugueses?
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Cheguei à conclusão que a ‘mob’ são como os zombies.
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Os zombies são seres humanos que foram contaminados por um vírus que lhes retira a capacidade de pensar - ficam autómatos, e o seu único objetivo é infetar outros humanos. Não vencem pela inteligência ou agilidade, mas sim pelos números.
Era exatamente o que estava a acontecer: Um grupo de seres humanos infetado com a ideia de que apenas a sua opinião é valida procura, a todo o custo, infetar humanos que têm ideias diferentes. Estes zombies não querem ouvir nem debater - seu único objetivo é ‘comer’ os cérebros dos humanos que ainda não foram infetados.
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Agora que compreendia a situação, defini dois objetivos:
1- Fornecer o antídoto a estes zombies, ou, pelo menos, proteção contra a infeção aos humanos que ainda não estavam infetados - esse antídoto é a liberdade de opinião.
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2- Aproveitar e fazer publicidade à Prozis. Ao fim ao cabo, os zombies não são muito inteligentes e são fáceis de manipular, porque todos agem da mesma forma.
Comecei por enviar declarações para os meios de comunicação onde transmitia a ideia da liberdade de expressão (antídoto) e também fazia o máximo de barulho possível (porque os zombies são atraídos por barulhos altos), através de declarações incendiarias como: ‘Sou incancelável’, ‘não preciso de Portugal, etc.
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O número de zombies ficava cada vez maior. Então, pensei: Bem, ninguém sabe como sou, por isso posso ser quem eu quiser.
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Tive a ideia de fazer um’ podcast’ onde executaria o mesmo plano, mas numa dimensão muito maior.
Comunicando com bastante velocidade e agressividade, sotaque forte e sem grande elaboração fraseológica, certamente que todos acreditariam que eu sou meio burro.
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E assim comecei a dizer declarações cada vez mais incendiárias, para atrair o máximo de zombies, como, por exemplo, ‘tenho recursos ilimitados’. Quem é que acreditaria numa declaração tão absurda como esta? Ninguém. Nem nenhum país tem recursos ilimitados. Mas isto atraiu os zombies.
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‘A Prozis não precisa de Portugal’ - Quem é que poderia acreditar que uma empresa que tem 10 fábricas , mais de 1000 colaboradores, milhares de parceiros , e centenas de milhares de clientes em Portugal, Não precisaria deste pais? Ninguém. Mas isto atraiu os zombies.
Quem poderia acreditar que alguém que fica 10 anos sem falar com a comunicação social chega para chamar ‘filhos da puta’ aos seus clientes? Ninguém. Mas isto atraiu os zombies.
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Também consegui fazer barulho de outras formas criativas: Coloquei uma câmara de filmar a apontar diretamente para os meus olhos, em ‘close up’, dizendo à minha equipa que as pessoas teriam de conseguir ver a minha alma. Eu sabia que havia um tipo de zombies cujo ataque é criticar os defeitos físicos de outro humano com ideias diferentes. Tinha razão.
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Não poderia deixar de terminar o ‘podcast’ sem falar no antídoto - a minha opinião e a sua relação com a liberdade de expressão.
Acho que consegui atingir os meus dois objetivos:
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1- Todo o país ficou a falar na liberdade de expressão e a refletir sobre este antídoto.
2- A Prozis teve publicidade como nunca na sua historia. E de graça. Com toda a humildade, acho que merecia um prémio de marketing. Eu calculo que o valor de publicidade conseguida esteja acima dos 10 milhões de euros.
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Consegui fazer com que os zombies trabalhassem para mim, simplesmente porque eles não pensam.
Tenho de agradecer a muita gente.
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Ninguém sabia do meu plano.
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Tive amigos e familiares que foram a minha casa em pânico dizendo que eu não podia dizer aquelas coisas… Porque eu não sou assim. A minha mulher dizia o mesmo. O CEO e o CLO da Prozis, desesperados, tentavam convencer-me de que não devia dizer essas declarações incendiárias… Porque eu não sou assim. Um funcionário amigo chorou, dizendo: ‘Eles não estão vendo o verdadeiro Miguel.’
Nunca nenhum deles me virou as costas. Todos sempre me apoiaram e confiaram no que estava a fazer. Estarei para sempre grato.
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Também quero agradecer a todos os humanos que, apesar de todas as minhas declarações incendiárias para atrair os zombies, nunca me julgaram. Enviaram milhares de mensagens, dizendo: ‘Estamos contigo, Miguel. Liberdade de expressão, sempre’, apesar de muitos deles não concordarem com a minha declaração inicial que iniciou toda esta situação.
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Heróis do mar, nobre povo, nação valente e imortal. Só vos tenho uma coisa a dizer: Quem vem viver a verdade que morreu D.Sebastião?
Acho que todos ficamos a ganhar - menos os zombies, é claro. A esses, apenas digo: Xeque-mate!"
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