CEO da Cloudflare explode contra Portugal no X. "Se pensam em investir aqui, pensem duas vezes"
O CEO da Cloudflare não poupou Portugal a uma chuva de críticas, que começaram ao fim do dia de domingo, 25 de maio e se estenderam até ao final de almoço de segunda-feira. Do aeroporto ao funcionamento dos serviços públicos, Matthew Prince acusou os sucessivos governos portugueses de má gestão, de falta de investimento em empresas e em projetos de longo prazo. E diz que se a "burocracia sufocante" continuar, a Cloudflare poderá sair de Portugal.
"A situação no aeroporto de Lisboa é um desastre e as multinacionais que estão a pensar em investir aqui deviam pensar duas vezes", começou por dizer Matthew Prince, na rede social X (antigo Twitter).
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E continou: "Honestamente: em geral, Portugal piorou significativamente desde que começámos a investir no país. Se a tendência continuar, vamos parar de investir. E se alguém tem uma empresa de tecnologia e pensa vir para cá, seria uma loucura fazê-lo sem garantias concretas do Governo". Questionado depois por um utilizador se saberia apontar diferenças entre fazer negócios em Portugal ou noutro país, Prince afirmou que "Portugal promete muito e entrega muito, muito pouco".
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Honestly: across the board, Portugal has gotten significantly WORSE since we started making investments in the country. If the trend continues, we’ll stop investing. And if you’re considering it as a tech firm, you’d be crazy to without some hard reassurances from the government.
Desaconselha alguns a visitarem Portugal e diz que não teve uma experiência semelhante em qualquer outro país europeu. Questionado sobre a que investimentos se referia, o líder da gigante norte-americana responde: "Contratação de 400 ou mais trabalhadores. Mas seriam o dobro com um Governo competente. Já ouço falar em Governos 'mais amigos das empresas' há seis anos. Muita conversa. Nada muda", acusou Prince.
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Hiring 400+ employees. But it would be 2x that with a competent government. I’ve heard “more business friendly” for 6 years now. Lots of talk. Nothing changes.
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"Portugal é um espetáculo à parte" quando se fala em "investimentos sérios e de longo prazo", continuou, colocando a Colômbia, Chile e Argentina na lista de nações mais sérias do que a portuguesa.
Em outubro do ano passado, a Cloudflare inaugurou uma sede na capital e, à data, pretendia contratar entre 400 a 500 pessoas. Já no ano passado Matthew Prince defendia que ainda havia obstáculos que persistiam e desafiava o governo a mudar o que tornava Portugal menos "apetecível" a investimento estrangeiro.
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Parece que, desde então, nada mudou para o CEO. Pelo contrário. "Piora a cada visita. A cada conversa com a nossa equipa. É um desastre", lamentou. "Está a ficar pior. Do que vi nos últimos seis anos, Portugal não é um país sério", disse, e sublinha que se aplica a todas as esferas. "Todas as promessas que o Governo fez para reduzir a burocracia e facilitar a operação de uma empresa a tentar contratar foram quebradas", garantindo ainda que a empresa é "um empregador muito sério" e diz estar "cansado de ser enganado".
"A burocracia sem fim que impede que o trabalho seja feito, que pessoas sejam contratadas ou que coisas sérias sejam feitas, que são fáceis em países sérios", esreveu.
Mas quais são, afinal, os maiores problemas de Portugal para o CEO da Cloudflare? "Principalmente em torno da imigração. Mas também das autorizações. Burocracia sufocante em geral. E a completa ausência de um aeroporto funcional. Estou cansado de ouvir que as coisas vão melhorar se investirmos mais, só para ver as coisas a piorarem".
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Nem tudo é mau. "Ótima qualidade de vida. Acolhedor para estrangeiros de uma forma que a maior parte da Europa não era. Poderia ser um grande peixe num pequeno lago. Muitos investimentos inteligentes em educação. Infelizmente, a burocracia sufocante e a falta de infraestrutura tornam tudo isso irrelevante".
Great quality of life. Welcoming to outsiders in a way most of Europe wasn’t. Could be a big fish in a small pond. Lots of smart investments in education. Unfortunately, stifling bureaucracy and lack of infrastructure makes all those things moot.
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