Mercado especula venda do BES na Bradespar para reforço no Bradesco
O Banco Espírito Santo (BES) anunciou que vai vender a totalidade das suas acções preferenciais sem voto no capital da brasileira Bradespar, numa operação que deverá envolver 410 milhões de reais (140 milhões de euros) e cujo preço será definido a 14 de Setembro. O mercado brasileiro especula que a venda sirva para reforçar no capital do Banco Bradesco.
Segundo o jornal «Valor Económico», o BES apresentou, ontem, à porta fechada, esta operação para as corretoras paulistas.
PUB
No início de Agosto, o banco português comunicou através da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que venderia numa oferta pública, os títulos preferenciais sem voto que detém no capital da Bradespar, «holding» que controla entre outros activos, posições na Companhia Vale do Rio Doce e na eléctrica Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL).
O período de reserva dos títulos vai decorrer entre os dias 12 e 13 de Setembro e o preço, que será definido através de um processo de «bookbuilding» será conhecido no dia 14 de Setembro.
O «road show» para apresentar a operação para potenciais interessados começou hoje e vai até ao dia 6 de Setembro, no mercado doméstico brasileiro. No estrangeiro, as reuniões começam a 7 e vão até ao dia 14 de Setembro.
PUB
Na oferta, o BES vai vender 8.286.453 acções preferenciais sem voto da Bradespar, que, encerraram, ontem, a 50 reais, o que implicaria num encaixe de 414 milhões de reais, caso o preço definido ficasse a níveis de mercado.
O próprio BES e o Credit Suisse são os responsáveis pela colocação dos títulos. Estas instituições financeiras poderão exercer um lote suplementar de acções, o chamado «gren shoe», no total de 1.242.967 acções, ou 15% da oferta total.
Mesmo depois da venda, o BES fica titular de 10% do capital da Bradespar, visto ter 10,8% de acções ordinárias com direito a voto no capital da «holding» brasileira.
PUB
As partes envolvidas estão em período de silêncio, mas o mercado brasileiro especula, segundo a imprensa brasileira, que esta venda no capital da Bradespar sirva para o banco português reforçar a sua posição no capital do Banco Bradesco onde hoje detém 3% do capital.
Membros executivos do BES já admitiram que poderiam reforçar no capital do banco brasileiro. O Bradesco, por sua vez, detém uma participação cruzada no BES, ao deter 3,25% do capital da instituição portuguesa.
Caso, o banco português quisesse usar o encaixe para reforçar no capital do Bradesco e o valor coincidisse com os valores de mercado, o BES poderia comprar mais cerca de quatro milhões de títulos do Bradesco, o que aumentaria a sua posição para cerca de 4,6%, segundo os cálculos do Jornal de Negócios Online.
PUB
*Correspondente em São Paulo
Mais lidas
O Negócios recomenda