Têxtil Polopiqué despede até 400 pessoas, entra em reestruturação e renegoceia dívida

Grupo quer recentrar operações no “core business” após anos de prejuízos em várias unidades.
Polopiqué
Ricardo Castelo
Negócios 29 de Agosto de 2025 às 14:23

O grupo têxtil Polopiqué iniciou um processo de reestruturação profunda para responder à quebra de receitas sentida nos últimos anos, agravada em 2025. O plano inclui o encerramento de duas fábricas, renegociação da dívida com a banca através de Processos Especiais de Revitalização (PER), pedidos de insolvência em algumas unidades e venda de ativos, numa estratégia que visa concentrar-se nas áreas de maior rentabilidade.

e, em comunicado, o presidente do grupo, Luís Guimarães, sublinha que a prioridade passa por manter as atividades estratégicas com maior retorno, como design, logística, vendas, acabamentos têxteis e produção de fio, assegurando que todo o processo será conduzido com “total sentido de responsabilidade social”. Atualmente com cerca de 800 trabalhadores, a Polopiqué admite que este plano poderá reduzir a força de trabalho para cerca de metade, tendo em conta a insolvência de duas empresas e a revitalização em curso noutras duas. Ainda segundo a , pelo menos 280 trabalhadores deverão perder o emprego com o encerramento das duas unidades, com o valor a aumentar com as reestruturações nas outras unidades do grupo. 

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A decisão surge depois de anos consecutivos de prejuízos em algumas unidades, que perderam competitividade e passaram a pesar nos resultados globais. A Polopiqué Tecidos fechou 2023 com perdas de 1,6 milhões de euros, enquanto a Cottonsmile, também destinada ao encerramento, registou prejuízos superiores a um milhão, em linha com o ano anterior.

Já a holding Polopiqué SGPS registou um resultado líquido negativo de 1,3 milhões em 2023, embora ligeiramente melhor do que os quase dois milhões de euros de 2022.

O grupo garante que esta reorganização permitirá simplificar processos, otimizar a cadeia de valor e reforçar a sustentabilidade económica e ambiental, encerrando as unidades de confeção e tecelagem para concentrar a capacidade produtiva nas áreas com maior flexibilidade e rendimento. Apesar da quebra de vendas em 2024, os negócios centrais mantiveram resultados positivos, o que levou a empresa a apostar no chamado “core business”. “O novo enquadramento de mercado exige uma readaptação estratégica”, reconhece Luís Guimarães, acrescentando que a Polopiqué quer continuar a ser um parceiro de referência no setor têxtil internacional, capaz de responder com rapidez e qualidade às exigências dos clientes.

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Fundada em 1996, a Polopiqué é atualmente uma das principais empresas do setor têxtil europeu. Integra ainda o Projeto Lusitano, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência, que prevê um investimento global de 111,5 milhões de euros.

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