Falta de chips obriga fabricantes a tirar recursos avançados aos automóveis
A Nissan decidiu retirar sistemas de navegação de milhares de veículos que normalmente seriam produzidos com este recurso por causa da escassez de semicondutores. A Ram não oferece mais suas pickups 1500 com um espelho retrovisor "inteligente", que permite controlar os ângulos mortos. E a Renault já não instala um ecrã digital de grandes dimensões atrás do volante do seu SUV Arkana, também com o objectivo de poupar chips.
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A crise é um teste histórico para uma indústria automóvel centenária, que tenta acelerar a transição para veículos elétricos mais inteligentes. Durante décadas, as fabricantes mudaram constantemente para incluir mais recursos avançados; agora, estão a retirar alguns deles - pelo menos temporariamente - para garantir as vendas.
Essa reversão destaca a gravidade dos problemas enfrentados pelo setor. Na semana passada, BMW, Honda e Ford sinalizaram mais problemas causados pela escassez de chips. A dificuldade em garantir fornecimentos essenciais é um grande revés de curto prazo - serão perdidos milhões em vendas de veículos este ano - e um mau presságio para o futuro, à medida que a concorrência de empresas de Internet e produtos eletrónicos de consumo se intensifica.
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"Isto provavelmente vai piorar antes de melhorar", disse Stacy Rasgon, que cobre a indústria de semicondutores para o Sanford C. Bernstein.
O CEO da NXP Semiconductor, Kurt Sievers, disse que a transição para veículos elétricos está a acontecer mais rápido do que o previsto, o que contribuiu para o aumento da proicura por chips. A NXP planeia vender pelo menos 20% mais chips de automóveis no primeiro semestre de 2021 em comparação com o mesmo período de 2019, embora a produção de veículos tenha caído cerca de 10%, disse.
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Mark Liu, presidente da Taiwan Semiconductor Manufacturing Co., alertou que a crise está longe de acabar. A sua empresa, que fabrica os chips mais avançados do mundo e será fundamental para qualquer resolução, começará a dar resposta aos requisitos mínimos dos clientes do setor automóvel até junho, mas acredita que a falta chips possa durar até ao início de 2022, disse em entrevista à CBS.
As fabricantes não podem esperar. Uma reação à falta de chips é alocar os escassos componentes para veículos mais lucrativos e mais vendidos em detrimento de outros modelos, algo que fabricantes como a francesa Renault e a japonesa Nissan já estão a fazer.
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