Avaliação do Montepio pode levar mutualista a mudar de auditor

Em entrevista ao ECO, o presidente da associação mutualista diz discordar da avaliação do banco e explicou os resultados negativos de 2020 com a taxa de juro. Agora, mudar de auditora pode ser uma opção.
Virgílio Lima, presidente da Associação Mutualista Montepio
Luís Manuel Neves
João Ruas Marques 17 de Maio de 2021 às 11:25

Depois de prejuízos na ordem dos 18 milhões em 2020, a associação mutualista Montepio acredita que o valor apontado para o banco (1.500 milhões de euros) está abaixo do valor real. A discórdia entre banco e auditora pode mesmo levar à substituição da PwC que terá feito uma avaliação "desajustada", segundo o presidente da mutualista.

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Em entrevista ao ECO, o presidente da associação mutualista Montepio, Virgílio Lima mostrou-se descontente com a avaliação feita pela PwC mas "face a algum ruído mediático que se observava sobre o valor do banco" preferiu, mesmo "não concordando, aceitar a sugestão do auditor e reduzir para 1.500 milhões".

"Não foi fácil para os auditores, num primeiro ano, habituados a trabalharem com outras realidades e desconhecedores da situação associativa, enquadrar toda esta realidade. Portanto, aceitámos e tivemos uma imparidade de 377 milhões no banco [montepio]", justificou.

Quanto aos resultados de 2020, explica que a culpa é das taxas de juro. Os valores que a auditoria revela são sujeitos a um "cálculo aturial" que, face à volatilidade das taxas de juro, transformou "14 milhões de euros de resultados correntes positivos" em 18 milhões de prejuízo. 

"Não foi fácil para os auditores, num primeiro ano, habituados a trabalharem com outras realidades e desconhecedores da situação associativa, enquadrar toda esta realidade. Portanto, aceitámos e tivemos uma imparidade de 377 milhões no banco [montepio]", justificou.

"As taxas de juro desceram, têm grande volatilidade. Em julho estavam a libertar 30 milhões, em dezembro obrigaram à constituição de 30 milhões [de provisões]", explicou Virgílio Lima ao ECO.

A PwC levantou ainda problemas em torno dos "ativos por impostos diferidos", o que "foi uma grande surpresa para a associação". Ao jornal digital o presidente da mutualista garante que o auditor anterior teria validado a situação e que apesar de confrontar a auditora com os dados "a auditoria foi suportada numa interpretação das normas que nos parece desajustada".

Face à discórdia entre banco e auditor, Virgílio Lima acredita que o que é preciso é "trabalhar com critério e aprofundar as matérias com eles [o auditor] e não contra eles", mas não descarta a hipótese de mudança: "a alternativa é mudar de auditor? É uma questão que estamos a ver".

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De acordo com os cálculos apresentados pelo presidente da dona do banco, também "as novas subscrições superaram os vencimentos e os resgates por qualquer natureza em 70 milhões de euros" apesar do ano complicado devido à pandemia.

Ao longo dos últimos anos a associação mutualista perdeu cerca de 30 mil associados mas está a recuperar. Segundo o presidente do banco, Virgílio Lima, de janeiro até abril foi possível acrescentar 3.500 novos sócios.

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