Montepio vai absorver mais de 18% do activo da Santa Casa

Comprar 10% do Montepio vai exigir que a Santa Casa mobilize quase 140 milhões. Investimento passará a representar mais de 18% do património da entidade liderada por Santana Lopes. Mesmo em parceria, entrar na banca aumentará risco da SCML.
Pedro santana lopes
Bruno Simão/Negócios
Maria João Gago 05 de Junho de 2017 às 22:00

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) terá de mobilizar 135 milhões de euros para ficar com 10% da Caixa Económica Montepio Geral, no quadro da solução que está a ser negociada para a instituição financeira liderada por José Félix Morgado. Em causa está um investimento que, a preços de mercado, passará a representar mais de 18% do património da entidade presidida por Pedro Santana Lopes.

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Mesmo que o esforço financeiro seja feito em parceria com outras entidades do terceiro sector, como a Misericórdia do Porto, a SCML deverá sempre assumir a principal fatia do investimento. Em causa poderá estar uma aplicação de 100 milhões, ou seja, 13,5% do balanço da Santa Casa que, no final do ano passado, tinha um activo de quase 743 milhões de euros.

Independentemente do valor final que a instituição possa vir a investir, a entrada da Santa Casa no capital do Montepio vai traduzir-se num aumento do risco do seu balanço. No final do ano passado, a entidade tinha apenas 3,4 milhões de euros aplicados em acções de empresas cotadas e não cotadas. Ou seja, menos de 0,5% do seu património estava investido em participações accionistas.

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Certo é que a entidade liderada por Santana Lopes dispõe de recursos financeiros. No final de 2016, a SCML tinha quase 198 milhões de euros em depósitos bancários. Um montante 3% superior ao verificado no exercício anterior.

A aquisição de 10% do Montepio por parte da Santa Casa, possivelmente em parceria com outra entidade do terceiro sector, está a ser negociada há várias semanas com a Associação Mutualista Montepio Geral, dona da instituição financeira, o Banco de Portugal e o Governo. A preocupação das autoridades é diversificar a estrutura accionista da caixa económica com a entrada de novas entidades com capacidade financeira de fazer face a futuras necessidades de capital. Desta forma, o Montepio consegue reduzir a sua dependência face à associação mutualista liderada por António Tomás Correia.

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Um dos cenários que está a ser equacionado para abrir o capital da caixa económica é a compra de unidades de participação (UP) do Fundo de Participação da instituição por parte da Santa Casa, sozinha ou associada a outra misericórdia. Em breve, estes títulos serão transformados em acções do Montepio, já que esta instituição está prestes a ser transformada numa sociedade anónima, processo que ocorreu por imposição do Banco de Portugal. Segundo o Expresso, a SCML pode adquirir UP da instituição à associação mutualista que, em caso de necessidade, poderá usar estes fundos para reforçar a solidez da caixa económica. Mas se cumprir as medidas acordadas com o Banco de Portugal, o Montepio poderá evitar ter de aumentar capital.

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