Reforma laboral? Sim, mas com apoio social, dizem banqueiros
Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, BPI e Santander convergem na ideia de que as empresas precisam de mais flexibilidade.
No encontro “Banca do Futuro” organizado pelo Negócios, os CEO (no caso da CGD, o vice-CEO) destes bancos recusaram comentar as propostas concretas que o Governo colocou em cima da mesa na negociação com os parceiros sociais mas defenderam, genericamente, a flexibilização do mercado laboral.
PUB
“Há muita gente muitas vezes nas empresas que não está alinhado, não puxa a carroça. Muitas vezes temos uma lei que protege o que não quer fazer nada”, afirmou o CEO do BPI. Para João Pedro Oliveira e Costa, há que “aproveitar momentos mais positivos, com alturas de quase pleno emprego para resolver problemas do passado, alguns com grande carga ideológica completamente ultrapassada e sem qualquer adesão à realidade”.
CEO do BPI
“É muito importante a capacidade das empresas para renovar os seus quadros, seja por quadros mais jovens, seja por quadros mais competentes. O que é importante é que possa haver regras claras, simples, objetivas. Em países muito desenvolvidos que têm muito emprego, como na Suíça, pode trocar-se ou suspender um posto de trabalho, é a própria empresa que paga o subsídio de desemprego, não é o Estado. Obviamente temos também de proteger o trabalho”, realça o presidente executivo da instituição financeira detida pelos espanhóis do Caixabank.
PUB
“Mas também temos que garantir que as pessoas têm uma certa previsibilidade nos seus rendimentos”, ressalva, confessando ao mesmo tempo que a alteração à lei laboral “não é a maior prioridade no país”.
O CEO do Santander concorda. “Eu não colocaria no topo das prioridades”, diz Pedro Castro e Almeida. “Agora, a legislação laboral tem que mudar, tem que evoluir, tem que ser mais flexível”.
PUB
Preocupado com as “tendências negativas” no Reino Unido e em França – onde “a discussão de passar a idade da reforma dos 62 para os 64 anos até 2030, de uma forma gradual. E de repente o país para e o Governo cai”, o ainda CEO do Totta considera que “claramente tem que haver uma adaptação da legislação laboral aos tempos modernos”.
CEO do Santander Portugal
“Se quisermos ficar como estávamos nos anos 70, é também uma opção. E se não queremos sequer discutir o assunto de uma forma correta, dizer que vamos logo fazer greve acho que também não ajuda”, atirou o banqueiro.
PUB
É tudo uma questão de ambição, considera o homólogo do BCP. “Se quisermos que Portugal continue a crescer 1% ou 2%, é uma coisa. Se acreditarmos que podemos transformar Portugal precisamos de ler as mudanças no mundo e anteciparmo-nos e fazer melhor do que os outros e mais cedo do que os outros para conseguirmos ser mais competitivos”, entende Miguel Maya.
CEO do BCP
“Hoje o contrato social põe um ónus muito grande sobre as empresas. As empresas precisam de ter plasticidade de poder ajustar. Isto é determinante para o futuro. Simultaneamente, há necessidade de uma rede social que assegure que as pessoas que perdem o emprego nesse momento têm uma vida digna”.
Francisco Cary, vice-presidente da comissão executiva da CGD, cita “feedback” dos clientes para defender que “é importante alguma flexibilização com equilíbrio na legislação que permita às empresas serem mais competitivas".
PUB
"A maior parte delas compete num mercado mais global e essa flexibilidade porventura trará mais crescimento para as empresas que se traduz em mais crescimento para o país”, afirma o gestor.
E se há momento para alterar a lei, é agora. “Estamos em quase pleno emprego e é mais fácil fazer reformas quando as coisas estão bem do que à força quando estão mal”.
Saber mais sobre...
Saber mais Empregador Emprego Empresas Empregado Caixa Geral de Depósitos Santander Portugal França Almeida Pedro CastroMais lidas
O Negócios recomenda