Banca com rendibilidade negativa em 2016
A rendibilidade do sector bancário nacional recuou no ano passado. Se em 2015 tinha havido uma recuperação, em 2016 o indicador passou, novamente, a ter um sinal negativo. A culpa é do crédito passado e da constituição de imparidades para precaver perdas futuras nesses empréstimos, que ocorreu no final do ano passado sobretudo na Caixa e no BCP, segundo o Banco de Portugal. No caso do banco privado, os resultados operacionais cobriram as imparidades mas no banco público, o maior do sistema, nem por isso.
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A rendibilidade dos capitais próprios (ROE, "return on equity"), que se mede dividindo os resultados anuais pelo capital, foi de -8% no ano passado, uma quebra face aos 2,1% de 2015. Já a rendibilidade dos activos (ROA, "return on assets"), cujo cálculo compara o peso do resultado em relação aos activos, foi de -0,6% de 2016, abaixo dos 0,2% do ano anterior. Os dois indicadores são calculados, na óptica do regulador liderado por Carlos Costa, por resultados antes de impostos.
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"No quarto trimestre de 2016, verificou-se um reforço significativo das imparidades para crédito, o que determinou que a rendibilidade, positiva até ao final do terceiro trimestre, atingisse valores negativos no conjunto do ano", indica o relatório do Banco de Portugal divulgado esta quinta-feira, 6 de Abril, denominado "Sistema Bancário Português: desenvolvimentos recentes".
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No final do ano passado, integrando as contas do quarto trimestre, a Caixa Geral de Depósitos reconheceu mais de 3 mil milhões de euros de imparidades, o que penalizou os seus resultados anuais. O BCP também marcou 1,6 mil milhões de euros nesta rubrica.
A quebra dos resultados obtidos com operações financeiras (como a venda de dívida) também explica, numa parte menos significativa, o recuo da rendibilidade da banca nacional no ano passado.
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Os resultados negativos dos bancos tiveram também impacto nos rácios que calculam a solvabilidade das entidades financeiras, com o rácio Common Equity Tier 1, que mede o peso do melhor capital dos bancos, a recuar cerca de um ponto percentual em comparação homóloga. Contudo, o Banco de Portugal sublinha que este ano houve "operações de reforço de fundos próprios em algumas instituições" este ano, como ocorreu na CGD e no BCP.
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Em sentido positivo, houve uma descida dos rácios de crédito em risco e de crédito malparado no sector bancário nacional, tendo havido igualmente um aumento da cobertura de crédito.
(Notícia rectificada às 14:19 com indicação de que o BCP conseguiu resultados para cobrir o nível de imparidades)
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