Manuel Fino não paga 20 milhões ao BCP
A SDC não vai pagar uma dívida de 20 milhões de euros ao BCP. Ou, por outras palavras, Manuel Fino não paga ao banco de que já foi accionista. Há incumprimento formal da SDC Investimentos mas a empresa controlada pelo empresário, e que tem 33,33% da Soares da Costa Construção, defende que não há consequências. A justificação é que a dívida aos bancos está ainda a ser renegociada.
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"A SDC Investimentos, SGPS, S.A., sociedade aberta, informa que não vai proceder ao reembolso do seu empréstimo obrigacionista denominado "ISIN: PTSCOEOE0004 – Obrigações Grupo Soares da Costa 2007/2016", no valor de 20 milhões de euros, que se vence no próximo dia 28 do corrente mês de Novembro", assinala o comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
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Segundo o mesmo documento, esta emissão não está nas mãos de pequenos investidores: "este empréstimo obrigacionista revestiu a modalidade de subscrição particular, tendo como único titular das obrigações o Millennium BCP, não estando estas obrigações incluídas no mercado, nem cotadas". Ou seja, é o banco presidido por Nuno Amado que fica sem receber 20 milhões de euros na data acordada em 2007: a próxima segunda-feira.
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Contudo, o valor deste empréstimo obrigacionista está a ser renegociado no âmbito do "processo de reestruturação do passivo bancário" que a SDC tem em curso. Esse processo, indica o comunicado da empresa, "tem evoluído de forma positiva, embora ainda não esteja concluído".
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Com esta decisão de não pagamento da dívida, a empresa SDC – nome herdado quando vendeu a maioria do capital da área de construção da Soares da Costa ao empresário angolano António Mosquito – entra formalmente em incumprimento
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"Todavia, face à existência desse processo negocial, não se antevê qualquer consequência desse incumprimento, ficando a sua sanação dependente da solução concreta do referido processo, que se espera possa ocorrer a curto prazo", explicam no comunicado.
O Negócios já procurou obter uma reacção junto do banco liderado por Nuno Amado para saber uma posição sobre este incumprimento mas ainda não obteve resposta.
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BCP estava demasiado exposto
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A SDC Investimentos tem um plano de reestruturação da sua dívida em curso. Entre empréstimos bancários e empréstimos obrigacionistas, a SDC investimentos conta com 205 milhões de euros em passivo não corrente e 62 em passivo corrente, segundo as contas de Junho de 2016. O BCP, a CGD, o Crédito Agrícola, o BPI, o Banco Popular, o Banif e o Novo Banco são os visados no acordo-quadro que a empresa negociou para reestruturar a dívida.
A ligação ao BCP por parte da empresa é antiga. Fino foi um dos envolvidos na guerra accionista do BCP que fazia parte do conhecido como "grupo dos sete", que queria destituir os administradores ligados a Jardim Gonçalves, fundador do banco.
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Em 2007, quando o empresário era financiado pelo banco e dava como garantias acções da instituição financeira, onde chegou a ter mais de 2%, o Banco de Portugal deu ordens ao BCP para reduzir a sua exposição, noticiou na altura o jornal Público.
Anos depois, Manuel Fino acabou por perder as suas participações noutras empresas: a cimenteira Cimpor e a Soares da Costa.
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Incumprimento ocorre com Soares da Costa Construção em PER
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A SDC Investimentos, que ficou com a área de concessões de infra-estruturas do grupo, esteve este ano a negociar a venda da sua participação de 33,33% na construção. As negociações caíram por terra quando a Soares da Costa Construção entrou em processo especial de revitalização (PER) para se proteger.
Também nos créditos reconhecidos da Soares da Costa Construções o BCP assume a posição de segundo banco mais exposto 111,6 milhões de euros através da CGD (179 milhões).
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(Notícia actualizada pela última vez às 12:38 com mais informações)
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