Violas: OPA torna BPI numa sucursal portuguesa do CaixaBank
Tiago Violas Ferreira critica as decisões do Banco Central Europeu (BCE) e do Governo português no caso BPI, num artigo de opinião publicado esta segunda-feira no Negócios. O banco central por obrigar o banco a reduzir a sua exposição ao mercado angolano e o Executivo de António Costa por, nesta altura, ter aprovado legislação que acaba com os limites de voto. O grupo Violas é um dos dos accionistas de referência do BPI com uma participação de 2,6%
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No entender de Tiago Violas Ferreira a exposição do BPI ao mercado angolano é um "problema artificial criado por directas cegas", já que o BFA "apresenta uma situação financeira extraordinariamente robusta" e o BPI "tem o melhor risco de crédito do país".
"Então, porquê esta pressão europeia para obrigar o BPI a resolver este problema artificial criado por directivas cegas (entretanto já isentas noutras situações, noutro países)? Por outro lado, que legitimidade têm estes organismos para ameaçar com multas incomportáveis ou mesmo com a resolução de um banco saudável?", questiona o administrador da holding Violas Ferreira.
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Tiago Violas Ferreira questiona ainda o momento escolhido pelo Executivo de António Costa para criar "legislação nacional tão à medida desta situação e, portanto, de constitucionalidade questionável, supostamente para ajudar a resolver um problema (repito, artificial), mas beneficiando claramente um accionista em prejuízo de todos os outros?".
O administrador refere-se ao diploma que acaba com os limites de voto em empresas do sector financeiro aprovado pelo Governo no Conselho de Ministros de 14 de Abril. Ou seja, numa altura em decorriam as negociações entre o CaixaBank e Isabel dos Santos.
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As negociações entre os dois maiores accionistas acabaram por fracassar e o CaixaBank anunciou a 18 de Abril o lançamento de uma oferta pública de aquisição sobre o BPI a 1,113 euros por acção. "Ao oferecer 1,113 euros por acção o CaixaBank está a oferecer o mínimo obrigatório por lei, que corresponde a 67% dos capitais próprios (dinheiro dos accionistas). Seria justo, através de todas estas jogadas de bastidores, apoderar-se de 1/3 do capital dos restantes accionistas’", pergunta Tiago Violas Ferreira.
"Claro que ninguém é obrigado a vender, pode o leitor pensar. Bem, neste caso não é bem assim. Ficar minoritário numa sucursal de alguém, e o BPI passaria a ser a sucursal portuguesa do CaixaBank, é ficar à mercê da boa vontade da empresa-mãe, o que pelo exemplo do preço oferecido nesta OPA não augura nada de bom", acrescenta o administrador.
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Tiago Violas Ferreira termina o seu texto de opinião com uma questão: "o que acontecerá em caso de chumbo. Abrirá o BCE, também ao BPI, exceção à regra dos Grandes Riscos, deixando o BPI entregue ao seu (bom) funcionamento, ou matará o doente (embora saudável!) com o seu remédio?"
Leia aqui o artigo de opinião de Tiago Violas Ferreira.
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